Reconhecimento facial se espalha pelo Brasil e levanta debate sobre segurança, privacidade e viés racial

Reconhecimento facial se espalha pelo Brasil e levanta debate sobre segurança, privacidade e viés racial

Edição de 22/07/2025
O uso de câmeras com reconhecimento facial está se tornando cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros. A tecnologia, que conta muitas vezes com inteligência artificial, movimentou R$ 14 bilhões em 2024 – e já é usada em estádios, condomínios e nas ruas de grandes cidades. A expectativa é de que o mercado cresça mais de 22% em 2025.
O Profissão repórter desta terça-feira (22) investigou como essas câmeras estão sendo usadas na segurança pública e os impactos no dia a dia da população. Assista à íntegra do programa no vídeo acima.
A reportagem visitou um laboratório da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para entender como a tecnologia funciona. Na prática, esse sistema compara imagens captadas pelas câmeras com fotos armazenadas em um banco de dados, analisando características como textura da pele, olhos e boca.
Mas o reconhecimento nem sempre é preciso.
“Muitos desses algoritmos foram treinados apenas com imagens de pessoas brancas, dificultando o reconhecimento de pessoas negras, indígenas ou asiáticas”, alerta um professor da universidade. Esse viés pode levar a erros graves, como prisões injustas.
Além disso, manter o banco de dados atualizado com imagens recentes é essencial para garantir a precisão. A Unicamp também estuda formas de burlar o sistema, como o uso de disfarces ou alterações faciais. “É uma guerra de gato e rato. Antes falsificavam cheques, agora tentam enganar a biometria”, diz o pesquisador.
Reconhecimento facial se espalha pelo Brasil e levanta debate sobre segurança, privacidade e viés racial
Reprodução/TV Globo
Estádios e condomínios visam aumentar a segurança
Desde a retomada do Campeonato Brasileiro, os clubes foram obrigados a adotar o reconhecimento facial nas catracas dos estádios. A medida visa dificultar a ação de cambistas e ajudar a polícia a localizar foragidos da Justiça.
“Acho legal, hoje tudo tem digital, íris… Está tranquilo”, comentou um torcedor.
Clubes adotam reconhecimento facial nas catracas dos estádios
Reprodução/TV Globo
Nos condomínios, por sua vez, a tecnologia também avança. Em bairros como Perdizes, na zona oeste de São Paulo, moradores têm aprovado a instalação de câmeras voltadas para as ruas.
“É a segurança privada apoiando a segurança pública”, explica Camila Ricci, diretora de inteligência artificial.
O Profissão Repórter acompanhou uma assembleia de moradores que aprovou a instalação do sistema, com custo mensal entre R$ 500 e R$ 1.500, dividido entre os condôminos.
Condomínios investem em câmeras com reconhecimento facial
Reprodução/TV Globo
Smart Sampa: mais de 30 mil câmeras conectadas
Na capital paulista, o programa Smart Sampa já conta com cerca de 31 mil câmeras — 20 mil públicas e 11 mil privadas — integradas ao sistema da prefeitura. Desde novembro do ano passado, quase 1,5 mil foragidos foram capturados com ajuda da tecnologia.
O secretário municipal de Segurança Urbana, Orlando Morando, explica que o sistema cruza imagens em tempo real com um banco de dados da Secretaria de Segurança do Estado.
“Mesmo com barba, óculos e boné, a inteligência artificial identificou o chefe de uma quadrilha de furtos em condomínios de luxo”, conta.
Na capital paulista, o programa Smart Sampa detectou foragidos
Reprodução/TV Globo
Para o alerta ser disparado, a similaridade entre as imagens precisa ser de pelo menos 92%. O sistema também já ajudou a localizar 71 pessoas desaparecidas e prendeu mais de 2,7 mil em flagrante.
Em uma das ações acompanhadas pelo Profissão Repórter, uma mulher foragida foi identificada enquanto trabalhava como vendedora ambulante no Brás. Ela foi abordada por guardas civis e levada à delegacia. Segundo a polícia, ela tinha uma condenação por tráfico de drogas e ainda precisava cumprir cinco anos de pena.
Smart Sampa: mulher foragida foi identificada enquanto trabalhava como vendedora ambulante
Reprodução/TV Globo

Fonte Original do Artigo: g1.globo.com

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