Jornalismo em tempos de inteligência artificial – 26/06/2025 – Educação

Jornalismo em tempos de inteligência artificial – 26/06/2025 – Educação

Ferramentas de inteligência artificial vêm modificando significativamente a maneira como nos relacionamos com as informações, seja pela possibilidade de gerar textos em linguagem sofisticada ou criar sinteticamente imagens e vídeos realistas em poucos segundos. Para o jornalismo, que há anos luta para reconquistar o interesse da população, a IA apresenta riscos mas também algumas oportunidades.

De um lado, tais tecnologias desafiam o senso crítico e exigem mais cautela na hora de avaliar a confiabilidade do que chega até nós, poluindo o ambiente informacional e turvando as fronteiras entre o conteúdo criado sem qualquer responsabilidade e aquele decorrente de investigação e pesquisa. Mas, por outro, algumas funcionalidades ligadas às IAs começam a ser examinadas como meio para aproximar mais pessoas do jornalismo profissional.

Um importante relatório sobre o consumo de notícias pelo mundo dá algumas pistas. A versão 2025 do Digital News Report, divulgada há alguns dias pela Universidade de Oxford e Reuters Institute, confirmou a tendência de queda no percentual de pessoas que se informam por TV (de 51% no ano passado para 50%) e meios impressos (de 16% para 15% no mesmo intervalo). A preferência por sites e aplicativos oscilou na mesma direção, saindo de 51% para 48%.

Enquanto isso, “chatbots e interfaces de IA emergem como fontes de notícias, à medida que buscadores e outras plataformas integram o noticiário em tempo real” a suas bases de consulta, segundo o relatório. Os números ainda são relativamente baixos (7% buscam informações via IA), mas mostram mais vigor entre os mais jovens (15% das pessoas com menos de 25 anos se informam por meio de IAs). Não há comparação anterior porque esta foi a primeira vez que o relatório contemplou esse tema.

“Além de permitir maior personalização na seleção de notícias, a IA generativa agora torna tecnicamente possível personalizar formatos de notícias de acordo com as necessidades e preferências de usuários individuais, ao mesmo tempo que permite possibilidades inteiramente novas, como chatbots de IA generativa que podem responder a perguntas relacionadas a notícias”, destacou a pesquisadora Amy Ross Arguedas, do Trust in News Project (organização que busca ampliar o compromisso do jornalismo com transparência, precisão e equidade), ao analisar os dados do Digital News Report. A pesquisa mostrou que parte da audiência vê com entusiasmo a possibilidade de a IA tornar as notícias mais acessíveis ou relevantes, por meio de resumos (27%), tradução para outros idiomas (24%), recomendações mais adequadas de conteúdo (21%) e opção de fazer perguntas a chatbots (18%).

De forma mais ampla, contudo, o público na maioria dos países pesquisados mantém-se cético sobre o uso de IA na produção de notícias e se diz mais confortável quando seres humanos estão no processo. “Esse dado pode dar algum conforto para as organizações jornalísticas que esperam que a IA possa tornar as notícias elaboradas por humanos mais valiosas”, segundo o relatório. Marcas conhecidas (e tidas como confiáveis) no jornalismo ainda são as mais citadas pelo público que quer confirmar se algo é verdadeiro ou falso.

Veículos tradicionais de jornalismo mantêm-se preocupados com o risco de a integração de resumos feitos por IA e outros recursos relacionados a notícias em grandes plataformas digitais reduzir ainda mais o acesso a seus sites e aplicativos próprios. Mas, de acordo com o relatório, “em um mundo crescentemente povoado por conteúdo sintético e desinformação, todas as gerações ainda valorizam marcas (jornalísticas) confiáveis com histórico de precisão, mesmo que não as usem com a mesma frequência de antigamente”.

Compreender as possibilidades e os desafios trazidos pelas IAs ao jornalismo é essencial para navegar com segurança pela enxurrada de informações a que estamos expostos diariamente. Urge, portanto, que iniciativas de educação midiática se disseminem para públicos de todas as idades e contextos —pela segurança da audiência e pela própria sustentabilidade do jornalismo.

Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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