
Ucrânia aprova acordo de minerais com os EUA – 08/05/2025 – Mundo
- Internacional
- 08/05/2025
- No Comment
- 12
O Parlamento da Ucrânia aprovou, nesta quinta-feira (8), a ratificação de um acordo de minerais assinado pelo país com os Estados Unidos. Kiev espera que o pacto fortaleça a parceria com Washington e ajude a garantir apoio militar no esforço para conter as forças russas.
Apesar das dúvidas de alguns parlamentares sobre a transparência do governo e os compromissos assumidos no acordo, a ratificação foi aprovada com 338 votos favoráveis e nenhum contrário.
“Este documento não é apenas uma construção jurídica —é a base de um novo modelo de interação com um parceiro estratégico fundamental”, disse a vice-primeira-ministra Yulia Sviridenko em publicação na rede social X.
Alguns parlamentares haviam levantado preocupações sobre a falta de detalhes de algumas das disposições do acordo, como a forma como um fundo de investimento previsto para a reconstrução da Ucrânia será administrado ou como as contribuições vão ser feitas.
Yulia convocou uma entrevista coletiva na manhã desta quinta para esclarecer as preocupações, afirmando que o fundo de investimento começará a operar nas próximas semanas e que seu sucesso dependerá do grau de engajamento dos EUA.
Autoridades informaram que dois suplementos trarão os detalhes do acordo e serão divulgados posteriormente. O retorno dos investimentos pode levar uma década ou mais.
A ratificação do Parlamento ocorre um dia antes de a Rússia —que lançou uma invasão em grande escala na Ucrânia em fevereiro de 2022— tentar mostrar sua força em um desfile militar para celebrar o 80º aniversário da derrota da Alemanha nazista.
Os preparativos foram ofuscados por ataques de drones ucranianos à Rússia. Kiev espera que a ratificação do acordo de minerais fortaleça sua posição nas negociações de cessar-fogo — que, até agora, avançaram pouco, frustrando o presidente dos EUA, Donald Trump.
A Rússia exige que a Ucrânia ceda os territórios que Vladimir Putin afirma ter anexado e adote uma posição de neutralidade permanente. Kiev rejeita essas condições, argumentando que equivalem a uma rendição e deixariam o país vulnerável.
A Ucrânia expressou disposição para aceitar uma proposta americana para implementar cessar-fogo provisório imediato de 30 dias, que poderia ser prorrogado por acordo mútuo das partes, e acusou o Kremlin de ignorar o plano. Putin propôs trégua de três dias —de 8 a 10 de maio.
O acordo de minerais, assinado no mês passado em Washington, concede aos EUA acesso preferencial a novos acordos de minerais ucranianos e estabelece o fundo de investimento, que poderia ser usado para a reconstrução da Ucrânia nos primeiros dez anos.
Após meses de negociações tensas —quase encerradas após uma reunião desastrosa entre Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, em fevereiro—, o acordo garante algumas vitórias a Kiev: não haverá devolução da ajuda que Trump afirma ser devida e os EUA reconhecem a intenção ucraniana de ingressar na União Europeia.
A Ucrânia também enxerga o acordo como uma oportunidade para destravar o envio de novas armas pelos EUA, especialmente sistemas de defesa aérea Patriot, essenciais para conter os frequentes ataques russos com mísseis. No entanto, o pacto não trouxe garantias concretas.
O acordo, que Zelenski afirma ser mais favorável à Ucrânia do que versões anteriores —classificadas por alguns em Kiev como coloniais—, tornou-se peça central nos esforços para reconstruir a relação com Trump após o encontro tenso no Salão Oval.
Alguns parlamentares ucranianos elogiaram os esforços do governo para influenciar a posição de Trump, que inicialmente parecia favorecer a Rússia.
Cerca de 47% dos ucranianos apoiam o acordo; 22% acreditam que ele pode trazer consequências negativas, e 19% dizem que não terá impacto, segundo o Instituto Internacional de Sociologia de Kiev.