
Trump quer impedir interferência em big techs com tarifas
- Internacional
- 23/07/2025
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Um dos objetivos do presidente Donald Trump ao impor tarifas contra países como o Brasil está diretamente relacionado à defesa de empresas americanas, especialmente as big techs, segundo análise do The Wall Street Journal (WSJ).
De acordo com a publicação, a nova política tarifária global do líder republicano busca impedir a interferência estrangeira por meio de novos impostos e regulamentações sobre empresas de tecnologia americanas e seus produtos.
No dia 9 de julho, Trump justificou em parte a imposição de uma tarifa de 50% para o Brasil, citando “centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e expulsão do mercado brasileiro de mídia social” em um trecho da carta endereçada ao presidente Lula (PT).
Na análise do WSJ, medidas contra as big techs dos Estados Unidos continuam sendo um ponto de discórdia nas discussões com o Brasil, Coreia do Sul e União Europeia (UE), segundo relataram fontes familiarizadas com o assunto.
No mês passado, Washington decidiu abruptamente encerrar as negociações comerciais com o Canadá justamente por medidas contra empresas de tecnologia sediadas nos Estados Unidos.
O país vizinho propôs um imposto que atingiria serviços digitais americanos, decisão que levou Trump a anunciar o fim das conversas com o governo canadense. Dias depois, pressionado, o primeiro-ministro Mark Carney reverteu a taxação programada e os países voltaram a negociar.
Há anos, empresas do Vale do Silício têm reclamado de imposições que consideram injustas fora dos Estados Unidos, como regulamentações e impostos sobre seus serviços.
Bilionários do setor tecnológico, como Elon Musk (dono do X e fundador da Tesla) e Mark Zuckerberg (fundador de CEO da Meta), se aproximaram de Trump antes das eleições com doações de milhões de dólares para a campanha presidencial.
Segundo o WSJ, empresários do ramo da tecnologia encontraram aliados no comércio digital com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e outras figuras da pasta. Um exemplo disso é que, no acordo comercial assinado com a Indonésia na terça-feira (22), os negociadores americanos garantiram que o país asiático não taxará serviços eletrônicos, como filmes ou downloads de software, dos Estados Unidos.
Acordos semelhantes foram garantidos com o Vietnã, segundo fontes familiarizadas com as negociações, apesar do governo Trump não ter divulgado detalhes desses compromissos até o momento.
Um funcionário do governo americano informou ao jornal de negócios que o Brasil estaria focado em retomar negociações comerciais e não em medidas retaliatórias.
Apesar da declaração, no último dia 17, o presidente Lula (PT) ameaçou taxar empresas de tecnologia dos Estados Unidos que operam no Brasil como uma retaliação ao tarifaço imposto por Trump aos produtos importados do país, uma demonstração clara de que os países seguem num impasse.
Dois dias antes, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos, órgão do governo Donald Trump, anunciou que iniciou uma investigação sobre práticas comerciais do Brasil.