Trump monta um gabinete para sustentar uma guerra cultural – 30/11/2024 – Bruno Boghossian
- Política
- 01/12/2024
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Donald Trump montou um gabinete de guerra para o próximo mandato. Alguns dos políticos, doadores de campanha e aliados fiéis escolhidos para sua equipe terão como prioridades os conflitos culturais tradicionalmente explorados pela direita populista para agitar suas bases.
Trump 2 terá uma abordagem mais prática do que em seus quatro anos anteriores. A formação do futuro governo sugere que o presidente eleito encara as guerras culturais —baseadas no desafio de consensos e na exploração de valores divisivos— tanto como ferramenta para chegar ao poder como para mantê-lo.
A lógica está embutida não apenas no debate de ideias, mas na elaboração concreta de políticas públicas. Trump escolheu para a agência de proteção ambiental um opositor ferrenho das regulações do governo Joe Biden, com ordens explícitas para tratar a questão como uma batalha política. Já o indicado para o Departamento de Energia é um executivo do petróleo que questiona as mudanças climáticas.
Outros escolhidos são símbolos de profundas divisões sociais e partidárias nos EUA. A saúde deve ficar com o lunático Robert F. Kennedy, um orgulhoso militante antivacina. O provável chefe do Pentágono terá a tarefa de realizar um expurgo de generais a partir de critérios ideológicos.
Trump quer a guerra cultural como ponto-chave da agenda de governo. A função de Elon Musk não será simplesmente enxugar a máquina pública em busca de eficiência: ele diz que vai mirar o financiamento de órgãos internacionais e da comunicação pública, alvos típicos das batalhas ideológicas da direita populista. Já o escolhido para a agência de telecomunicações fala em punir canais de TV por seu viés político.
Muitas dessas ideias já estavam ali no primeiro mandato de Trump, mas foram bloqueadas por veteranos da máquina do governo ou encaradas como itens acessórios. Agora, o republicano tem um plano para eliminar os obstáculos e entregar a seus eleitores a briga prometida na campanha, ao custo de muita destruição em certas áreas.
Faço uma pausa e volto à coluna em 10 de dezembro. Até a volta!
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