São Paulo agora tem padrão de jogo – 27/07/2025 – Juca Kfouri

O São Paulo passou por cima do Fluminense com absoluta autoridade, e o 3 a 1, com direito a susto pelo 2 a 1, esteve longe de revelar a diferença das atuações do tricolores, mesmo com o desconto de um pênalti perdido por Luciano e defendido por Fábio.

O primeiro tempo pode ser chamado de jogo de um time só, tamanha a imposição dos paulistas, com domínio total e tranquilo sobre os quartos colocados na Copa do Mundo de Clubes, orgulho que se transforma em drama para os cariocas, vítimas da quarta derrota seguida no Campeonato Brasileiro.

É perceptível a mudança operada pelo argentino Hernán Crespo, que trouxe padrão e segurança para o São Paulo, bem diferente do time inseguro e voluntarioso da gestão do também argentino Luis Zubeldía.

Saiu o treinador que se comportava como líder de torcida e entrou o que se comporta como maestro.

Resignado diante das ausências dos mais caros e renomados jogadores do elenco, Lucas Moura e Oscar, Crespo mostra como com organização e paciência é possível fazer prevalecer o jogo coletivo num grupo sem estrelas.

O primeiro tempo terminou só com o gol de Arboleda porque houve o pênalti perdido e segundo com dois gols, Ferreirinha e Tapia, a um, porque Samuel Xavier achou um tento improvável até então na única finalização entre as traves são-paulinas, já aos 32 minutos, e perante mais de 42 mil torcedores na agradável tarde do inverno paulistano.

O São Paulo não lutará pelo título, Crespo é o primeiro a saber, mas se arma para fazer campanha digna.

Quem está na luta pelo título e deu bobeada colossal diante de mais de 50 mil torcedores, no Mineirão, foi o Cruzeiro.

Daqueles jogos para queimar a língua dos especialistas.

Na liderança do campeonato, o Cruzeiro perdeu pela primeira vez como mandante e cedeu a primeira vitória como visitante, e de virada, ao Ceará, por 2 a 1.

Ganhou um gol de presente do goleiro Bruno, logo aos 3 minutos, para o goleador Kaio Jorge, empilhou uma porção de oportunidades para ampliar, sofreu o empate ainda no primeiro tempo e a virada no segundo, ambos os tentos do paraguaio Galeano.

Para quem tem a pretensão de impedir que Flamengo e Palmeiras disputem entre si o título, a derrota cruzeirense soa como daquelas imperdoáveis e bem no fim da maratona do primeiro turno.

Muito provavelmente o Flamengo terá assumido a liderança ao vencer o Atlético-MG no jogo das 20h30, passado dois pontos à frente e com um jogo a menos, contra o lanterna Sport, sem nenhuma vitória, embora o jogo seja na Ilha do Retiro, onde os pernambucanos sempre gostam de agitar por causa do título de 1987 —que o mundo do futebol sabe ter sido do Flamengo e o dos Zé Regrinhas imputam ao Sport.

O Palmeiras segue firme em sua toada, com dois jogos a menos que o Cruzeiro e apenas dois pontos atrás.

Passou pelo Grêmio sem maiores dificuldades e depois de 20 minutos iniciais que deram gosto de ver, embora tenha se acomodado com a vantagem de 1 a 0, gol de Facundo Torres logo no segundo minuto de jogo na casa verde, com 37 mil pessoas.

O Verdão parece aquele tio rico e pão duro: sabe que pode dar presente melhor aos sobrinhos, mas prefere não acostumá-los mal.

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