
Psicóloga alerta Bia Miranda com filha recém-nascida na UTI: ‘Um luto’
- Famosos
- 25/04/2025
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Especialista explica como situações como a de Bia Miranda podem afetar o vínculo mãe e bebê e aumentar risco de depressão pós-parto
A chegada de um filho é, para muitas mulheres, um momento de sonho realizado. Mas e quando esse sonho precisa ser antecipado? Foi o que aconteceu com Bia Miranda, que deu à luz sua segunda filha, Maysha, nesta semana, em um parto prematuro. A bebê precisou ser levada direto para a UTI neonatal, e a influenciadora, que já é mãe de Kaleb, de apenas 10 meses, desabafou nas redes sociais sobre a dor de ver a filha tão pequena e entubada.
Mas afinal, quais são os impactos emocionais de um parto prematuro na vida da mãe? E como o distanciamento do bebê logo após o nascimento pode afetar o vínculo entre os dois?
A CARAS Brasil conversou com a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, que analisou os desafios enfrentados por mães em situações como a de Bia. Segundo ela, a dor emocional costuma ser intensa e pode se prolongar por meses.
“O parto prematuro e a internação do bebê podem impactar emocionalmente a mãe não só nos primeiros dias após o nascimento da criança, como também durante o pós-parto por meses. Quando uma criança nasce prematura ou quando há qualquer tipo de intercorrência, uma internação da mãe, do bebê, aumentam as chances dessa mulher apresentar depressão pós-parto. Mesmo que ela não tenha apresentado sintomas durante a gestação, só o fato de haver essa intercorrência já eleva o risco”, analisa.
A especialista ainda aponta os riscos: “Ela é uma mulher com fator de risco para a saúde mental e precisa de acompanhamento psicológico durante todo o período em que estiver no hospital, com o bebê internado, e também no pós-alta, tanto da mulher quanto do bebê. É uma pessoa que precisa desse acompanhamento devido ao risco emocional.”
A profissional também ressalta que há uma quebra de expectativa quando o bebê precisa ser internado e não pode ir para casa junto com a mãe.
“A mulher geralmente espera que o filho nasça saudável, de nove meses, que vá para casa com ela, que possa oferecer aleitamento materno, que viva aquele momento com o bebê nos braços. Quando isso não acontece, há uma frustração, uma quebra de expectativa. É um luto pela maternidade idealizada, pelo bebê idealizado, que não se concretiza. A mulher precisa lidar com essas situações reais, e isso pode gerar um processo de luto, e, inclusive, sintomas de depressão, como a literatura aponta em casos de intercorrências.”
Existe alguma dificuldade de vínculo com o bebê?
A especialista ainda alerta que viver esse período longe do bebê pode gerar sintomas depressivos e até dificultar o vínculo afetivo com a criança.
“Os riscos psicológicos para a mãe que precisa viver esse período longe do filho incluem sintomas de depressão, mesmo sem histórico prévio de transtorno mental. Se ela já tem esse histórico, pode haver reincidência, ou seja, o transtorno pode retornar. A alta ansiedade também é comum nesse contexto, sendo um risco real de alteração emocional significativa”, avalia a psicóloga.
“Muitas dessas mães, por medo e incerteza em relação ao que vai acontecer, podem ter dificuldades futuras na construção do apego com o bebê. Isso se agrava especialmente quando há limitação de tempo para visitar o recém-nascido.”
Ela também explica que o método canguru, técnica que estimula o contato pele a pele, pode ajudar nesse processo. “Em hospitais que não oferecem o método canguru, que permite que o bebê permaneça em contato direto com o corpo da mãe, como uma incubadora natural, o vínculo pode ser ainda mais comprometido. Em ambientes com esse método, o vínculo costuma ser facilitado. Mas em locais onde a mãe só pode ver o bebê em horários específicos, a vinculação pode ser dificultada. O vínculo não se dá imediatamente após o nascimento ou no momento em que a mulher descobre a gestação. Ele é uma construção diária, que acontece na relação com o bebê. Por isso, pode haver dificuldades nessa vinculação quando o contato é restrito ou interrompido.”
Quando a mãe não está emocionalmente pronta para ver o bebê entubado
Em casos como o de Bia Miranda, que relatou não estar pronta para ver a filha entubada, o acolhimento psicológico se torna ainda mais essencial.
“No caso da Bia Miranda, em que o bebê está internada e ela não se sente emocionalmente preparada para vê-lo nessa situação, isso também é comum. Essa mulher está precisando de acolhimento psicológico, e é importante que o hospital possa oferecer esse suporte. Inclusive, existe a Lei 14.721, que garante assistência psicológica durante a gestação, o parto e o pós-parto, especialmente para casos como esse. Na verdade, essa assistência já deveria ser garantida para todas as mulheres, e em situações mais delicadas, como a de Bia, é ainda mais urgente”, diz a psicóloga.
Ela continua: “O hospital precisa estar preparado com um profissional da psicologia perinatal nesse setor, para oferecer o acolhimento necessário e aplicar técnicas adequadas à situação. Entre elas, é possível utilizar estratégias como tirar fotos do bebê ou contar para a mãe como ele está, até que ela se sinta emocionalmente pronta para vê-lo.”
“É importante respeitar o momento dessa mulher, mas o ideal seria que o hospital contasse com um psicólogo perinatal, pois esse profissional sabe como conduzir cada situação, pensando no bem-estar da mãe e do bebê”, conclui.
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