
‘Pode evoluir mesmo após parar’
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- 20/07/2025
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Ícone da música sertaneja, Solimões fala sobre sua batalha contra o vício, e especialista aponta riscos silenciosos mesmo após anos de abstinência
Conhecido hoje pelo bom humor, o cantor Solimões(63), da dupla Rionegro e Solimões, já enfrentou momentos sombrios causados pelo vício em álcool. Em entrevistas passadas, ele abriu o jogo sobre o período turbulento que viveu, revelando que entre os anos 2000 e 2005 precisou buscar ajuda para reorganizar a vida.
O cantor chegou a tentar consumir bebidas de forma “social” em 2006, mas recaiu em 2007. O ponto de virada veio em 2008, quando recebeu um alerta direto de seu médico: “Se bebesse mais quinze dias, ele morreria”. Recuperado desde 2009, Solimões afirma hoje que não sente mais vontade de beber.
Mas, mesmo com a sobriedade mantida há mais de uma década, será que o corpo realmente se recupera por completo? A CARAS Brasil conversou com a gastroenterologista e hepatologista Dra. Patrícia Almeida, que analisou o caso e trouxe orientações importantes sobre os riscos a longo prazo do consumo de álcool.
Parar de beber elimina totalmente os riscos?
De acordo com a médica, mesmo após anos de abstinência, o fígado pode continuar sofrendo os efeitos do passado: “Infelizmente, é possível. A fibrose hepática — que é uma resposta do fígado às agressões crônicas — pode evoluir mesmo após a interrupção do álcool, dependendo do grau de dano já instalado. É como uma ferida que cicatrizou por fora, mas ainda pode estar ativa por dentro. Por isso é tão importante continuar o acompanhamento“, explica.
Além disso, ela destaca que outros fatores podem prejudicar o fígado ao longo do tempo: “O fígado pode sofrer com outras agressões ao longo do tempo, como obesidade, sedentarismo, alimentação rica em gordura e açúcar, hepatites virais ou uso de medicamentos. Por isso, quem teve um histórico de consumo mais elevado deve manter acompanhamento regular e cuidar de outros aspectos da saúde, para não somar fatores de risco”, complementa a médica.
Quais hábitos protegem o fígado?
A Dra. Patrícia reforça que a prevenção vai muito além de cortar o álcool: “Com certeza. O álcool é apenas um dos possíveis agressores do fígado. Hoje, por exemplo, a Doença Hepática Gordurosa Associada à Disfunção Metabólica (MAFLD) — que está ligada à obesidade, resistência à insulina e sedentarismo — é uma das principais causas de cirrose no mundo”, alerta.
Segundo ela, preservar o fígado depende de um conjunto de atitudes diárias e cita:
- Alimentar-se bem: priorizar frutas, legumes, verduras, alimentos naturais e integrais; reduzir alimentos ultraprocessados, açúcar, frituras e embutidos.
- Manter um peso saudável.
- Fazer atividade física regular: o movimento é uma verdadeira “medicação” para o fígado.
- Evitar automedicação e uso de substâncias tóxicas ao fígado, como certos anti-inflamatórios e fitoterápicos sem orientação.
- Controlar diabetes, colesterol e pressão arterial.
- Vacinar-se contra hepatites A e B e, se necessário, investigar a presença da hepatite C, que pode ficar “escondida” por anos.
Alcoolismo é uma doença e há tratamento
A médica finaliza com um alerta sobre a importância de tratar o alcoolismo com seriedade e empatia: “Por fim, é fundamental lembrar: o alcoolismo é uma doença. E como qualquer outra doença crônica, precisa de acolhimento, diagnóstico e tratamento. Infelizmente, ainda há muito estigma, inclusive por parte de alguns profissionais de saúde, o que dificulta o acesso ao cuidado”, diz.
“Se você ou alguém próximo enfrenta dificuldades com o álcool, saiba que você não está sozinho. Há tratamento, há apoio, e há caminhos para recuperar a saúde física e emocional. O fígado é um órgão com enorme capacidade de regeneração — quando o cuidado começa a tempo, os resultados podem ser muito positivos“, conclui.
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