Parque do Peruaçu: conheça o Novo Patrimônio da Humanidade – 24/07/2025 – Turismo

Parque do Peruaçu: conheça o Novo Patrimônio da Humanidade – 24/07/2025 – Turismo

Apesar de relativamente jovem enquanto atrativo turístico, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, que abriu suas portas ao público em 2016, guarda, no norte de Minas Gerais, vestígios da milenar aventura humana na Terra, em meio a um patrimônio geológico de milhões de anos.

Mesmo longe dos principais circuitos turísticos do país, o impressionante destino ganhou popularidade depois de ter formalizado a candidatura do Cânion do Peruaçu à lista de patrimônios naturais reconhecidos pela Unesco. No domingo (13), o atrativo ganhou oficialmente o prestigiado título.

Além do tombamento, não faltam motivos para conhecer o lugar que ostenta um conjunto de centenas de cavernas —algumas com mais de cem metros de altura. Acessar uma delas é adentrar um fabuloso mundo pré-histórico, que coexiste com o mundo contemporâneo e nos dá aquela clara dimensão da pequenez do homem perante a história natural do planeta.

Explorar os mistérios dessas formações, porém, exige alguma disposição. O parque fica entre os municípios de Januária, São João das Missões e Itacarambi, a 200 km de Montes Claros, onde está o aeroporto mais próximo. Apesar da localização distante dos cartões postais mais populares do país, a expedição até esse incomum pedaço do sertão mineiro compensa cada quilômetro percorrido.

Para entrar em seus limites, é preciso contratar um guia e percorrer as trilhas que conectam as principais atrações. Entre elas estão a Gruta do Janelão, cartão postal do destino, a Gruta Bonita, única caverna totalmente escura aberta à visitação, as Lapas do Índio e dos Desenhos, onde é possível conferir preservadas pinturas rupestres, e o Arco do André, cuja beleza rústica compensa a trilha exigente.

O trekking até cada uma delas é uma parte importante da experiência, marcada por paisagens autênticas que surgem do encontro entre caatinga, cerrado e mata atlântica na unidade de conservação de 56 mil hectares. Os caminhos entre copaíbas, aroeiras, ipês e imbarés, conhecidos como os baobás brasileiros, margeiam o rio Peruaçu e grandes paredões avermelhados de até 200 metros de altura.

Em cima deles, se espicham cactos que cortam um céu muito azul. Ao final desses longos corredores naturais bem sinalizados e com passarelas conservadas, se abrem salões construídos pela própria natureza, com formações rochosas monumentais de diferentes cores e texturas, cada um com seus próprios encantos.

Atração mais visitada do parque, a Gruta do Janelão é acessada após uma caminhada de 2,4 km, apenas a ida. Na chegada, os visitantes costumam prender a respiração ao se deparar com seu imenso portal, de onde é possível visualizar as galerias que são acessadas escada abaixo. A dica ali é desacelerar o ritmo, desfrutar do silêncio, da imensidão e da beleza magnética que preenche todos os espaços.

As suas diferentes fendas possibilitam a entrada do sol e iluminam pequenas florestas e jardins que acompanham cursos d’água ao longo do atrativo. Do teto, pendem grandes estalactites, como a Perna da Bailarina, que tem 28 metros de altura —a maior formação desse tipo no mundo.

Para onde se olha, a natureza surpreende. Ao todo, a formação tem quase cinco quilômetros de extensão. Ao longo do caminho, algumas paredes parecem derreter diante dos olhos, por conta dos espeleotemas, formações calcárias esculpidas pela água que se assemelha a grandes cogumelos cobertos de um brilho natural. Cada um desses processos dura milhares ou mesmo milhões de anos para se consolidar.

A produção artística dos primeiros habitantes da América do Sul também despertam paixões entre cientistas e mesmo entre os despretensiosos viajantes em busca de curiosidades pré-históricas.

Os paleoíndios, que perambulavam pelo sertão há 12 mil anos, deixaram resquícios de sua passagem pela região em 114 sítios. Os destaques são os conjuntos de pinturas rupestres da Lapa dos Desenhos, que fica no caminho do Janelão, e da Lapa do Índio e do Boquete, que relatam aspectos do cotidiano das antigas populações, uma espécie de arquivo de stories ancestral.

Entre as pinturas de diferentes datações, existem cenas figurativas de homens e bichos como garças, peixes e tartarugas. Outras imagens geométricas e lineares mais abstratas aguçam a imaginação dos visitantes, que se esforçam para interpretá-las. Muitas parecem remeter a eventos ritualísticos.

Há figuras que parecem fogueiras estilizadas, instrumentos percussivos ou até animais já extintos. Algumas estão a mais de 30 metros de altura, o que provoca especulações sobre o acesso a tais pontos. A hipótese principal é que se construíam andaimes para alcançar partes mais visíveis e bem iluminadas dos paredões e transformá-las em “galerias de arte” que pudessem ser contempladas por diferentes gerações.

A Gruta Bonita, acessada depois de uma trilha leve (são 1,5 km entre ida e volta), é uma das mais ornamentadas do parque. Para admirar seus delicados estalactites, estalagmites e colunas em formação, é preciso adentrar galerias e salões completamente escuros.

A luz das lanternas de cabeça revela um universo completamente único, onde moram plantas e insetos endêmicos. O Salão Vermelho, coberto por sedimentos avermelhados, é um dos mais impressionantes. A certa altura, o guia sugere que todos apaguem as luzes e fiquem em silêncio. A sensação de experimentar a escuridão total é surpreendente.

O caminho até a caverna Arco do André é uma trilha de maior dificuldade do que as outras, mas conta com mirantes naturais únicos à beira do rio Peruaçu. São aproximadamente oito quilômetros de extensão e cerca de sete horas de duração em meio à mata primária.

Além disso, o circuito tem menos intervenção humana, tornando a paisagem mais interessante para o público aventureiro. No caminho, passa-se pelas cavernas Troncos e Cascudos, que são atravessadas pelas águas esmeraldas do rio Peruaçu.

A paisagem protegida do Parque chama a atenção. No entorno da unidade, foi criada ainda uma Área de Preservação Permanente, que constitui um cinturão de preservação suplementar. Nas duas unidades vivem comunidades tradicionais de povos como geraizeiros, quilombolas e indígenas da etnia xakriabá.

Muitos moradores são guias no Parque e mediam as visitas com um repertório rico em informações científicas e também saberes da cultura popular sobre plantas medicinais e tradições locais.

São essas comunidades que preservam a biodiversidade local e nos conectam às histórias de um dos maiores romances da literatura brasileira, o icônico “Grande Sertão: Veredas”.

O livro faz várias referências ao município de Januária, que é uma das portas de entrada para o parque, e ao imaginário do norte de Minas, as tradições, a comida e a paisagem. Rosa era fascinado pelas famosas veredas, áreas de vegetação rasteira das quais brotam águas cristalinas, verdadeiros oásis dessa região de Minas.

Para adentrar esse mundo roseano, é possível estender a estadia na região para fazer passeios no Rio São Francisco, visitar comunidades de ceramistas, como as Oleiras do Candeal, seguir até uma das aldeias xakriabá ou almoçar em comunidades que oferecem pratos típicos: arroz com pequi, moqueca de surubim e diferentes combinações com carne de sol.

Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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