O que está por trás das línguas mortas?

O que está por trás das línguas mortas?

Por mais que, atualmente, o mundo funcione com poucas línguas dominantes, existe uma lista longa de idiomas que já foram falados por povos inteiros, mas não possuem falantes nativos. São as chamadas línguas mortas.

O termo costuma gerar curiosidade e uma certa aura de mistério. No entanto, na prática tratam-se de idiomas que deixaram de ser usados no dia a dia e que, em muitos casos, continuam vivos em textos antigos, cerimônias religiosas ou em terminologias acadêmicas.

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​​Qual a diferença entre línguas mortas e línguas extintas?

A distinção é sutil, porém relevante. Uma língua morta é aquela que não possui mais falantes nativos, mas ainda assim é estudada, registrada e usada em contextos específicos. O latim, que ainda está presente em missas da Igreja Católica e em expressões jurídicas, é um exemplo disso.

Já uma língua extinta é aquela que desapareceu completamente, sem registros suficientes ou continuidade formal de uso.

A pergunta “por que o latim morreu?”, por exemplo, é uma das mais comuns quando se trata desse assunto. A verdade é que o latim não morreu de uma hora para outra, mas foi transformando-se ao longo dos séculos, dando origem às línguas românicas, como o português, o francês e o italiano.

Sua morte como língua falada no cotidiano ocorreu gradualmente, quando foi substituída por dialetos locais e, depois, por idiomas nacionais consolidados.

Mas como uma língua morre?

A morte de uma língua pode ocorrer por diversos fatores: dominação política, imposição cultural, genocídios, migrações forçadas e até mudanças tecnológicas.

Com a chegada da internet e da globalização, idiomas com poucos falantes ficam ainda mais vulneráveis. Isso explica por que diversas línguas antigas já desapareceram ou estão ameaçadas de extinção – uma preocupação crescente entre linguistas e organizações internacionais.

Para constatar a morte de uma língua, os linguistas recorrem a um trabalho minucioso, parecido com o de arqueólogos. Eles utilizam registros escritos, comparações com outras línguas da mesma família e padrões gramaticais para reconstruir significados.

Línguas mortas são estudadas por linguistas, que usam antigos registros escritos. (Foto: Foto: Jarek Sedy | Unsplash)

Tais idiomas ajudam a compreender textos religiosos originais como as escrituras bíblicas em hebraico e grego antigo, leis e conceitos do Direito romano, e até classificações científicas, que ainda hoje usam o latim para nomear espécies de plantas e animais.

Uma língua morta pode renascer?

Sim. Apesar de “mortas”, algumas línguas podem voltar à vida – ou quase isso. O hebraico é um caso emblemático e provavelmente o mais bem sucedido. Durante muitos séculos, foi considerado uma língua morta no sentido funcional: não era falado no cotidiano, mas continuava sendo usada em contextos religiosos.

O “renascimento” da língua começou no fim do século XIX, impulsionado pelo movimento sionista, que defendia a criação de um Estado judeu na Palestina. A ideia de uma língua comum era central para reforçar a identidade nacional.

Nesse contexto, o hebraico foi escolhido não por ser o mais falado, mas por seu valor simbólico e histórico. Embora seja raro, esse fenômeno mostra que a linha entre morte e renascimento linguístico pode ser mais tênue do que parece.

Além do latim: línguas mortas mais antigas e conhecidas

Entre as línguas mortas mais conhecidas, além do latim, estão:

  • o sânscrito (ainda usado em contextos religiosos na Índia);
  • o grego antigo;
  • o egípcio antigo;
  • o sumério;
  • acádio.

Uma curiosidades é que o sumério é a língua escrita mais antiga de que se tem registro, datando de cerca de 3.100 a.C., no atual Iraque.

Entretanto, se considerarmos apenas as línguas ainda em uso, o tâmil, falado por cerca de 85 milhões de pessoas – principalmente no sul da Índia e no Sri Lanka –, é frequentemente apontado por muitos estudiosos como a língua mais antiga, ao lado de hebraico e árabe.

Fonte Original do Artigo: www.gazetadopovo.com.br

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