Nos últimos 20 anos, três dos cinco vices assumiram a Prefeitura de São Paulo

O cargo de vice-prefeito pode ser visto, por vezes, como algo secundário, ou apenas figurativo. No entanto, essa função desempenha um papel crucial na política municipal e que não se limita a ser um mero substituto.

Os vices têm a responsabilidade de apoiar o prefeito na administração da cidade, atuando como elo entre gestão e a população. A importância se torna ainda mais evidente em momentos de crise ou quando o prefeito não pode cumprir as respectivas funções.

Em São Paulo, dos últimos cinco vices, três assumiram a cadeira na prefeitura.

O primeiro foi Gilberto Kassab (PSD), que filiado ao Democratas, era vice de José Serra (PSDB) e assumiu a prefeitura em 2006, após a renúncia do então prefeito, que decidiu concorrer ao governo do estado.

Depois, veio Bruno Covas (PSDB), que era vice de João Doria (sem partido), então no PSDB. Covas assumiu o cargo de prefeito em 2018, quando Doria decidiu disputar o cargo de governador.

Em 2020, Bruno Covas foi reeleito, mas morreu no ano de 2021 em decorrência de um câncer. No lugar dele, assumiu o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que na época era vice-prefeito de São Paulo.

Anteriormente, outros dois vices assumiram a prefeitura:

• Wladimir de Toledo Piza, entre 1956 e 1957, no lugar de Juvenal Lino de Mattos;
• e Régis Fernandes de Oliveira, em 2000, no lugar de Celso Pitta.

Vice se tornou importante para manutenção de alianças

Para além da questão das funções atribuídas ao cargo, o cientista político Eduardo Grin, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), avalia que o nome de um vice se tornou algo de importância para manutenção de alianças e composição de influências e apoio.

De acordo com ele, “o papel de um vice é compor uma coligação. Um vice tem o papel de representar um certo espectro de eleitores que a chapa liderada pela Prefeitura busca representar”, diz.

A mesma ideia é defendida por Carlos Pereira, professor titular da FGV EBAPE. Para ele, a figura do vice tem duas importâncias. A primeira é a montagem da chapa para coligações eleitorais; a segunda diz respeito à sinalização para “elites políticas e para o próprio eleitor, de quais forças estão por trás das candidaturas”.

Além disso, Grin afirma que “o papel de um vice é também buscar ampliar a candidatura, para criar eleitores para alguns segmentos que são importantes para uma vitória eleitoral”.

Ambos ressaltam também a importância do vice no pós-período eleitoral. É comum que eles passem a comandar secretarias na Prefeitura.

“Se essa chapa for vencedora, o vice pode desempenhar um papel importante na composição do governo, não só ao assumir possíveis secretarias, mas também porque definitivamente o partido do nome do vice terá participação também no governo municipal”, pontuou Pereira.

Ambos avaliam que a importância do cargo de vice-prefeito transcende as atribuições formais.

Os vices desempenham um papel importante na política local e em determinadas ocasiões, se tornam figuras centrais na condução de São Paulo, como, por exemplo, nos casos em que assumiram a cadeira da Prefeitura.

Assim, é importante que os eleitores tenham conhecimento também de quem são os vices e não só os candidatos à Prefeitura.

Série de entrevistas com os candidatos a vice na CNN

A CNN realiza uma série de entrevistas com os candidatos à vice-prefeitura de São Paulo a partir dessa semana.

As entrevistas poderão ser assistidas ao vivo no YouTube da CNN Brasil, a partir das 15h30. E na TV, às 23h30.

Veja a agenda:

• Terça-feira (24)
  Coronel Mello Araujo (PL) – vice de Ricardo Nunes (MDB)
• Quinta-feira (26)
  Lúcia França (PSB) – vice de Tabata Amaral (PSB)
• Sexta-feira (27)
  José Aníbal (PSDB) – vice de José Luiz Datena (PSDB)
• Segunda-feira (30)
  Coronel Priell Neto (Novo) – vice de Marina Helena (Novo)

Marta Suplicy (PT), vice de Guilherme Boulos (PSOL), e Antônia de Jesus (PRTB), vice de Pablo Marçal (PRTB), foram convidadas, mas optaram por não participar. O espaço segue aberto para as candidatas.