
Mendoza, Argentina: o que conhecer na província do malbec – 28/07/2025 – Turismo
- Turismo e Viagens
- 28/07/2025
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Em voo direto partindo de São Paulo é possível explorar uma Argentina intensa, porém agreste e desacelerada, oposta ao agito cosmopolita de Buenos Aires. Paisagens bonitas, temperaturas extremas, gastronomia, empanadas perfeitas como entrada em cada refeição e vinhos reconhecidos internacionalmente fazem da viagem a Mendoza um presente aos sentidos em qualquer época do ano.
Localizada no oeste da Argentina, a província de Mendoza está mais perto de Santiago, no Chile, do que de Buenos Aires. Muralha natural que divide os dois países, a cordilheira dos Andes domina a paisagem em direção ao poente, mesmo que parcialmente coberta por nuvens.
Saindo do aeroporto de Guarulhos, são cerca de 3 horas e meia até a capital da província, a cidade de Mendoza, em voos operados pela Gol. Não há exigência de visto ou passaporte para brasileiros que viajam à Argentina.
Chove pouco em Mendoza: cerca de 220 mm por ano, menos que a média apenas para o mês de janeiro na cidade de São Paulo. Além da aridez, os extremos climáticos caracterizam a província. No inverno os termômetros oscilam entre 3º e 16º, em média. Mas marcas negativas são comuns, principalmente nas montanhas. Já as médias no verão variam entre 18º e 30º. Nos dias mais quentes, porém, é possível que a máxima chegue aos 40º.
A combinação desse clima com o solo rochoso e arenoso cria as condições ideais para o cultivo de uvas e produção de vinhos que ganharam o mundo. As mais de mil vinícolas de Mendoza produzem cerca de 80% do vinho argentino.
Originária da França, a variedade malbec é a mais emblemática da Argentina. Além dos conhecidos tintos, Mendoza produz vinhos malbec rosés e brancos. A segunda uva mais cultivada na província é pouco difundida entre brasileiros: a bonarda, cujos tintos acompanham bem pratos grelhados.
Mesmo sem sair de Mendoza capital é possível ver de perto as etapas da produção de vinho em um hotel que conta com uma vinícola urbana em seu subsolo.
A arquitetura das suítes do Hualta Hotel Mendoza, no centro da cidade, é composta por materiais presentes na vinicultura: madeira nas paredes, aço inox nos banheiros e cimento no piso. No mesmo hotel fica o restaurante La Cabrera, que celebra a cozinha argentina e onde as carnes são protagonistas.
Mas a possibilidade de apreciar as paisagens dos vinhedos, observar como são cultivadas as videiras, experimentar as uvas aquecidas pelo sol direto da planta, pisar no solo arenoso e ainda degustar os vinhos só é possível deixando a cidade em direção às regiões produtoras, onde se encontram as bodegas, como são chamadas as vinícolas por lá.
Nas cercanias da capital fica a localidade de Luján de Cuyo, onde estão alguns dos vinhedos mais antigos da Argentina. Nessa região está a Durigutti, única produtora Argentina que consta na lista das dez melhores vinícolas para turismo do mundo em 2024. Oferece degustações que duram de uma hora e meia a três horas, e que podem incluir passeios a cavalo e de helicóptero.
Em um salão envidraçado no meio da propriedade fica o restaurante 5 Suelos, citado no guia Michelin, cuja cozinha é abastecida por uma horta orgânica local. A refeição com entrada, prato principal e sobremesa sai por 95 mil pesos argentinos (cerca de R$ 500).
Para harmonizar com os pratos, o cliente pode escolher entre cinco linhas de vinhos produzidas pela vinícola (quatro rótulos diferentes em cada uma), em valores que oscilam entre 45 mil pesos e 155 mil pesos (R$ 240 a R$ 830).
Seguindo em direção ao sul pela rodovia nacional 40 chega-se ao Vale do Uco, uma das principais regiões vinícolas da Argentina. Na localidade de Tupungato fica a vinícola Huentala Wines.
A bodega oferece visita guiada aos vinhedos, com explicações sobre os tipos de uvas cultivadas, as características do solo e a irrigação local. O valor da degustação varia de acordo com a quantidade de vinhos e linha escolhida, e pode oscilar de R$ 150 a R$ 350.
Localizado no mesmo vinhedo, o restaurante Rastro resgata ingredientes e métodos de preparo herdados das diferentes culturas que deixaram sua marca na culinária local. Entre eles, povos originários de Mendoza, incas, colonizadores hispânicos e europeus mediterrâneos.
Destaque para as tiras de carne de novilho que vêm acompanhadas de uma pedra escaldante, na qual o próprio cliente, com o auxílio de uma pinça, finaliza a carne no ponto de sua preferência. A refeição, composta por quatro pratos, sai por 75 mil pesos argentinos (cerca de R$ 400).
Para acompanhar, quem não conhece os vinhos produzidos na vinícola e não quiser arriscar pagar por uma garrafa pode escolher entre três opções de harmonizações, compostas de três a cinco rótulos, variando de R$ 190 a R$ 340 por pessoa.
Para quem quiser acordar e ter como paisagem os vinhedos do vale do Uco, são diversas as opções de hospedagem. O hotel Fuente Mayor, localizado dentro de uma vinícola, tem diárias em apartamento duplo a partir de US$ 110 mais impostos (cerca de R$ 630, mas o valor pode variar de acordo com a época do ano).
Ainda no vale do Uco, na localidade de Vista Flores, o La Morada Lodge oferece cabanas bem equipadas e confortáveis, cada uma com piscina própria, com diárias que variam de US$ 250 A US$ 350 para quatro pessoas (aproximadamente R$ 1.400 a R$ 2.000).
A poucos metros, na mesma vinícola, fica o restaurante El Hornero, que prepara delícias em forno a lenha. Dentre elas, uma delicada ponta de costela suína assada por quatro horas com ervas orientais. O prato por pessoa sai 23.500 pesos argentinos, cerca de R$ 125 —acompanhamentos e entradas são à parte. O duo de sorvetes caseiros, dentre eles o imperdível de doce de leite, custa 11 mil pesos (cerca de R$ 60).
O jornalista viajou a convite da Gol