
Marselha ressurge como alternativa vibrante à cara Paris – 25/07/2025 – Turismo
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- 25/07/2025
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Alguns parisienses estão se mudando nestes últimos anos para o sul do país. Acham que a capital francesa está cara e abarrotada demais, além de um pouco démodé. Escolhem Marselha, na costa mediterrânea, como refúgio ensolarado.
Essa transformação, óbvia para quem mora na França, revitalizou uma cidade antes tida como insalubre e perigosa, em comparação com outras partes do país. Agora ficou mais segura e ganhou novos bares, restaurantes, hotéis e lojinhas.
Marselha é uma das cidades mais antigas da Europa, tendo sido fundada por gregos em torno de 600 a.C. Foi um dos portos mais importantes do continente também, por onde passaram imigrantes rumo às Américas —inclusive ao Brasil.
O acesso é fácil. O trem de Paris leva três horas, razão pela qual a cidade é também uma queridinha dos franceses que querem escapar dos tons cinza do norte. Assim, na alta temporada, é bom reservar trem e hotel com antecedência.
A idade avançada da cidade significa que não faltam monumentos históricos para visitar. Um dos mais importantes é o Château d’If, um castelo em uma ilha na costa. Barquinhos saem do porto antigo e o trajeto leva cerca de 15 minutos.
O local é famoso porque serviu de cenário para o romance “O Conde de Monte Cristo” (1846), de Alexandre Dumas. É ali que o protagonista Edmond Dantès é preso sob acusação falsa, fomentando com isso a sua icônica sede de vingança.
Aproveitando que está no porto antigo, chamado Vieux Port em francês, caminhe pelas margens vendo a floresta de mastros. Está ali o L’Ombrière, um espelho projetado por Norman Foster e suspenso na horizontal, sobre os pedestres.
Mas não almoce por ali: são armadilhas para turistas. Caminhe até o bairro medieval Panier, mais autêntico. Se estiver em busca de souvenirs, o tradicional são os sabões de azeite, em forma de cubo. O de lavanda também é popular.
Outro ponto importante é a Basílica Notre Dame de la Garde, mais recente, de meados do século 20. Fica em cima de um morro, permitindo uma visão privilegiada da geografia dessa cidade —morros escarpados, secos, com pinceladas de verde.
A quem é de museu, um dos destaques é o Mucem (Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo). O prédio, um cubo coberto por um arabesco de concreto, está ao lado do forte Saint-Jean, do século 17, e esse contraste todo encanta.
Já para quem quer aproveitar a vida noturna, a sugestão é passear à noite pelo Cours Julien. É uma praça rodeada por dezenas de restaurantes e bares. A chegada de parisienses foi acompanhada pela abertura de novos estabelecimentos.
Não há uma recomendação específica, ali. O que os moradores fazem é se encontrar nos entornos e explorar as ruelas, experimentando novos endereços. O drinque típico é o pastis, um licor aromatizado com anis misturado com água.
De tudo isso, porém, o melhor que Marselha tem para oferecer é a natureza. Está logo ao sul da cidade o complexo montanhoso conhecido como Calanques, onde marselheses —e agora parisienses— passam os fins de semana no verão.
São 20 quilômetros de costa com um sobe e desce de morros de calcário. Entre eles, se escondem praias rochosas de água cristalina. A caminhada proporciona aquela sensação de descoberta, como quem acha uma praia secreta, apenas sua.
A paisagem lembra um pouco a das ilhas baleares espanholas, incluindo a famosa Ibiza. A vantagem, neste caso, é que Calanques está só a meia hora de Marselha, conectada (apesar de que precariamente) ao transporte público local.
Não há nenhuma infraestrutura nas montanhas, então é preciso levar todo o essencial: protetor solar, ao menos dois litros de água e alguma coisa para comer. Os franceses costumam fazer piqueniques, e passam assim o dia todo ali.
Para quem achar que a ideia de andar na natureza é exagerada (a reportagem caminhou 17 quilômetros em um dia), há opções de praias também dentro da cidade. Por praias, porém, leia-se pedras no litoral, onde dá para lagartear.
Um último alerta é o da segurança. Os marselheses dizem que o crime diminuiu bastante nos últimos anos. É bom, mesmo assim, caminhar com atenção, principalmente nos bairros mais ao norte da cidade, onde há a chance de furtos.