Kids pretos: Exército reduz independência de batalhã – 23/07/2025 – Poder

Kids pretos: Exército reduz independência de batalhã – 23/07/2025 – Poder

O Comando do Exército promove uma reforma no Comando de Operações Especiais após ver parte da tropa, os chamados “kids pretos”, envolvida nas investigações sobre a trama golpista de 2022 e os ataques às sedes dos Poderes de 8 de janeiro.

O general Tomás Paiva, chefe do Exército, assinou uma portaria que transferiu o Batalhão de Operações Psicológicas para o Comando Militar do Planalto. A mudança esvazia a estrutura do Comando de Operações Especiais e reduz a independência dos kids pretos, que ficavam isolados em uma estrutura própria no Exército.

Generais que compõem a cúpula do Exército argumentam que a mudança não tem relação direta com o envolvimento de kids pretos na tentativa de golpe de Estado denunciada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

Segundo essa versão, o objetivo seria integrar o trabalho das Operações Psicológicas a todo o Exército em vez de deixá-lo isolado no Comando de Operações Especiais.

Documentos obtidos pela Folha mostram, porém, que a mudança não ficou restrita à estrutura organizacional do Exército. Entre outros pontos, a Força obrigou que o curso de formação para as operações especiais passe a ter as disciplinas de ética profissional e liderança militar.

A preocupação com os valores éticos dos kids pretos surgiu após a investigação da Polícia Federal apontar que militares tentaram usar de operações psicológicas contra os generais que recusaram as iniciativas golpistas sugeridas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL).

A reforma dos kids pretos foi idealizada por um grupo de 21 militares que se reuniu oito vezes de janeiro a março deste ano. A Folha teve acesso às atas das reuniões realizadas no Quartel-General do Exército.

A sétima reunião teve como foco apresentar os aspectos relacionados à educação nos cursos de formação. Foram duas as principais sugestões acatadas.

A primeira era a “atualização da documentação de ensino, com inserção das Disciplinas Ética Profissional e Liderança Militar nos Cursos de Ações de Comandos (CAC) e nos Cursos de Forças Especiais (CFEsp)”.

A segunda sugestão, em complemento, era pela “avaliação psicológica a ser aplicada nos concludentes dos CAC e CFEsp, durante o período de desmobilização”.

O grupo responsável pela reformulação das Forças Especiais do Exército também sugeriu atualizar o processo de seleção para os cursos de formação dos kids pretos. Agora, a entrada no batalhão de elite deve ser mais difícil e só poderá concorrer às vagas quem tiver concluído um tempo mínimo de serviço na Força.

A ideia é reduzir o número de militares das Operações Especiais e impedir acesso dos oficiais mais novos.

Há uma insatisfação de kids pretos com a forma como o Comando do Exército vem conduzindo a reformulação. Sete oficiais das Forças Especiais disseram à Folha que os militares dessa área vêm sendo preteridos nas principais posições da Força.

Um exemplo seria a lista de promoções de generais definida pelo Alto Comando do Exército para o fim de julho. Somente um kid preto será promovido nas 11 vagas abertas para general de Exército (quatro estrelas) e de Divisão (três estrelas).

A cúpula do Exército, formada por 17 generais da mais alta patente, também deixou de ter kids pretos. A influência desse grupo de militares foi esvaziada durante a gestão do general Tomás Paiva como uma precaução diante do avanço das investigações da Polícia Federal.

Os militares com formação no curso de Operações Especiais são chamados de kids pretos porque usam uma boina preta —principal símbolo que diferencia este grupo dos demais no Exército.

Eles compõem uma unidade de elite responsável por cumprir missões de alto risco, com táticas não convencionais para infiltração no território inimigo e promoção de guerra irregular.

A formação dos kids pretos é a mais intensa no Exército. Eles passam dias sem se alimentar e são submetidos a testes físicos extremos. O lema do grupo é “qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora e de qualquer maneira”.

Pela dificuldade de entrar no Comando de Operações Especiais e pelo desempenho físico exigido, os kids pretos têm o costume de se vangloriar e se julgar superiores aos militares das demais áreas do Exército.

“Tenho a fibra de um imortal. Sou um combatente de elite, quem quiser que se habilite, sou comandos, herói da nação”, diz um dos cânticos ensinados durante o curso de formação dos kids pretos.

Historicamente, os kids pretos têm rivalidade com os precursores —militares paraquedistas especializados no reconhecimento das áreas de conflito. Eles têm esse nome por serem os primeiros a chegar no local, preparando o terreno para a chegada de outras tropas. É a formação do comandante Tomás Paiva.

Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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