
Haddad pede que Bolsonaro deixe governo negociar com EUA
- Economia
- 24/07/2025
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (24) que a família Bolsonaro precisa “sair do caminho” para que o governo Lula (PT) negocie com os Estados Unidos as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump. Haddad destacou que a atuação dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está “obstruindo” a reabertura de canais oficiais com o governo Trump.
“Quem está obstruindo esse canal é a família Bolsonaro e os seus apoiadores. Não é só a família Bolsonaro, por isso eu faço um apelo para as pessoas que tenham um apreço pela família Bolsonaro […] Vocês perderam a eleição, saiam do caminho e deixem o governo negociar, saiam do caminho para que a mesa [de negociação] seja reestabelecida”, disse o ministro em entrevista à rádio Itatiaia.
No dia 9 de julho, Trump anunciou o tarifaço alegando supostas perdas comerciais na relação comercial com o Brasil. No entanto, o superávit comercial dos Estados Unidos em relação ao Brasil atingiu US$ 1,7 bilhão no primeiro semestre de 2025, segundo a Amcham Brasil. O resultado corresponde a um aumento de cerca de 500% ante o mesmo período de 2024.
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Além de apresentar motivos comerciais, o presidente americano também criticou o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado. Em meio ao impasse, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) condicionou uma possível negociação a aprovação de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Haddad também criticou governadores que tentam tomar a frente das discussões com o governo Trump. Apesar de não citá-lo nominalmente, o ministro se referiu ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que chegou a se reunir com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, no mesmo dia em que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), se reuniu com empresários para buscar uma solução ao tarifaço.
“Vários governadores no Brasil têm vínculos com a extrema direita, celebraram a eleição do Trump, botaram o boné do Trump. Tá tudo bem, cada um faz o que quer. Isso aqui é uma democracia. Mas essas pessoas deveriam se mobilizar junto ao Bolsonaro, para que o Paulo Figueiredo, o Eduardo Bolsonaro parem de militar contra o Brasil, contra as negociações”, disse Haddad.
“Acredito que, se os governadores buscarem a interlocução e sensibilizarem esses personagens para desimpedir as negociações, tudo isso acaba muito rapidamente. O presidente Lula é um craque em negociação. O Itamaraty, o vice-presidente Alckmin, são pessoas absolutamente sensatas”, acrescentou.
Mais cedo, o ministro afirmou que o plano de contingência para socorrer as empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima semana. A medida a ser tomada, no entanto, será discutida também com outros ministérios envolvidos, entre eles o das Relações Exteriores. A taxação está prevista para começar no dia 1º de agosto.