
‘Freiras da Cannabis’ enfrentam Zuckerberg para expandir – 28/04/2025 – Cannabis Inc.
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- 28/04/2025
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Parecia puro marketing quando as Irmãs do Vale (em inglês, Sisters of the Valley) começaram a chamar a atenção com a pequena plantação de Cannabis no Vale Central da Califórnia, há pouco mais de uma década.
Apesar do hábito religioso comum às freiras católicas, o grupo não pertencia à nenhuma ordem da igreja. As roupas “divinas” somadas à proposta mundana do grupo fizeram os negócios deslancharem.
Rapidamente as vendas se internacionalizaram, e até os brasileiros viraram clientes. Veio então a prova de que não se tratava apenas de marketing. Além de manter um faturamento médio anual de US$ 1 milhão, As Irmãs do Vale foram uma das poucas empresas de CBD, na Califórnia, a obter o selo de confiança Better Business Bureau (BBB).
A marca vende apenas produtos medicinais produzidos artesanalmente, à base de CBD (o composto da cannabis sem efeito psicoativo) e de uma quantidade ínfima de THC (composto psicoativo).
Mesmo em um país onde a legislação é mais simpática, digamos, com a cannabis do que no Brasil, os obstáculos se multiplicam. O uso medicinal é permitido em 39 estados americanos, enquanto o recreativo, em 24.
Pela lei federal, no entanto, a substância ainda está na lista 1 de produtos controlados, considerados com alto potencial de abuso, assim como a morfina e tantas outras —o que inviabilizou as vendas pelas redes sociais. A Meta, dona de Instagram e Facebook, de Mark Zuckerberg, proibiu o comércio pelas suas plataformas.
No fim do ano passada, As Irmãs do Vale lançaram uma petição direcionada à empresa, solicitando maior transparência e suporte para pequenos negócios. A empresa critica a prática de “shadow banning”, que limita o alcance de conteúdos, mesmo quando os negócios investem em publicidade paga.
A estratégia faz parte de uma campanha do grupo em prol de um ambiente digital considerado por elas “mais justo para empreendedores de setores alternativos”.
O grupo também não consegue espaço dentro dos dispensários da Califórnia, que são os grandes centros de venda de produtos medicinais de cannabis. Em abril de 2024, a empresa publicou um artigo questionando a recusa de alguns estabelecimentos em vender seus produtos, mesmo sem regulamentações claras, que justifiquem tais decisões.
Trata-se de uma dificuldade compartilhada pela maioria dos pequenos produtores, que ficam sujeitos às incertezas jurídicas. O ambiente inseguro é consequência da lei federal, que ainda é bem restritiva. Mesmo com o avanço das legislações estaduais, muitas empresas que possuem atuação nacional, como as instituições de crédito, não atendem a indústria de cannabis, com receio de sanções.
COMO COMEÇOU
Os negócios d’As Irmãs do Vale começaram com a fundadora Christine Meeusen, que passou a se vestir como freira durante protestos contra a desigualdade e o tratamento da Cannabis medicinal nos Estados Unidos, por volta de 2010.
Ela percebeu que o visual chamava a atenção —e o usou como símbolo de cuidado, cura e autoridade espiritual. Rapidamente virou a Irmã Kate, proprietária de uma casinha, localizada em um terreno de 1.300 m², à margem da estrada de ferro de Merced, com dez pés de maconha.
Com a ajuda da sócia, Darcy Johnson, multiplicaram em dez a plantação. “Este é um ambiente selvagem”, diz a Irmã Darcy, responsável pelo e-commerce da marca, batizada de Etsy. “Não estamos cultivando dente de leão.” Nem as roupas de freira ajudam nesta instância.
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