Flechadas paralímpicas acertam alvos para além do esporte – 04/09/2024 – Assim Como Você

Flechadas paralímpicas acertam alvos para além do esporte – 04/09/2024 – Assim Como Você

O símbolo das Paralimpíadas de Paris remete ao que parece ser o mote de longa vida dos Jogos: os desenhos humanos não precisam ter linhas que sigam as margens, o compasso que gera a melhor melodia. A natureza do vivente é a de refazer-se, remodelar-se, ressurgir-se.

Nas imagens que circulam o mundo, a jovem indiana Sheetal Devi, 17, do tiro com arco, que ganhou bronze na disputa em equipes mistas, usa os pés para pegar a flecha, encaixá-la ao arco, além de segurar o equipamento. O ombro serve como suporte e equilíbrio. Por fim, boca, queixo e bochechas fazem os ajustes finais e o disparo.

As jogadas da adolescente formaram uma sucessão de perfeição, chegando ao ponto máximo do alvo, o que causou alvoroço, espanto e admiração na torcida. Ela deu um discreto sorriso. Mentalmente, talvez, um “chupa capacitismo”.

Ter uma coleção de boas histórias de possibilidades de estar vivo faz o megaevento das pessoas com deficiência ganhar o seu maior sentido e se efetivar com brilho próprio, não com coadjuvante ou momento “B” das olimpíadas.

É inegável que a esportividade, a competição e as marcas evoluem a cada edição, que o preparo dos atletas seja de alto rendimento, mas a maior bobagem que se pode colar nas paralimpíadas é que deveriam ser vistas apenas como um conjunto de competições, de disputas. As histórias das pessoas é o que mantém a chama.

Os disparos de Sheetal têm poder suficiente para chegarem aos escombros da ignorância que exclui seres com condições físicas, intelectuais e sensoriais, tidos como “longe da árvore”, fora do alvo das predileções intelectuais, de performance, de oportunidades.

Minha filha biscoita, a Elis, de nove anos, contou uma história que me fez pensar ainda mais o quão potente foram as flechadas da indiana, e também os gols dos cegos no futebol, o nado dos “Gabrielzinhos“, os arremessos da Beth, o arranque da Jerusa.

Na aula de educação física da escola, os alunos foram convidados a jogarem vôlei sentado, numa homenagem e numa reflexão aos atletas paralímpicos. Foi uma diversão e uma enorme oportunidade para ela e para os colegas pensarem em pluralidade humana.

O mesmo caminho fica trilhado para empresas que não empregam ou não “conseguem” vislumbrar pessoas com deficiência em seus quadros, para os locais que não dispõem de acessibilidade, para as relações que excluem, para a parte da sociedade que invisibiliza “medalhistas”, que não permite nem que se compita de maneira honesta e digna na jornada da existência.


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Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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