
Ex-major diz que mensagens de Braga Netto eram “choradeira de perdedor”
- Brasil
- 24/07/2025
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O ex-major do Exército Ailton Barros afirmou, em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), que as mensagens encontradas entre ele e o general Walter Souza Braga Netto — com pedidos do ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) para atacar os chefes das Forças Armadas — eram “choradeira de perdedor”.
Ailton, um dos réus na ação que apura suposta trama golpista em 2022, confirmou que recebeu mensagens de Braga Netto e ressaltou que a amizade com o general existia porque ele pretendia criar um “elo” político com o ex-ministro, visando criar apoio para uma candidatura nas eleições.
Ao STF, o ex-major disse que considerou as mensagens de Braga Netto como “lamúria, choradeira de perdedor de campanha”. Segundo ele, os pedidos buscavam pressionar os comandantes das Forças Armadas que se opunham à tentativa de golpe.
“Quando o general Braga Netto me envia a mensagem, o entendimento que tive era de lamúria, choradeira de perdedor de campanha. Eu entendi, naquele momento, um desabafo — porque eu não tinha todo o contexto que os senhores têm, sobre se teve reunião, teve isso, teve aquilo. Nunca fiz parte do governo”, disse.
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Em mensagens interceptadas pela Polícia Federal (PF), Ailton sugeriu, em conversa com Braga Netto, que fosse pressionado o então comandante do Exército, general Freire Gomes, caso ele mantivesse o posicionamento contra a tentativa de golpe. “Vamos oferecer a cabeça dele aos leões”, escreveu o ex-major.
Na resposta, Braga Netto concordou: “Oferece a cabeça dele. Cagão”. Ailton, no entanto, negou a autoria dessas mensagens e afirmou que elas não são dele, alegando erro na captação feita pela PF.
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Ailton Gonçalves Moraes Barros
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Ailton Barros ao lado de Bolsonaro; ex-militar foi preso pela PF
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Ailton Barros ao lado de Jair Bolsonaro
Mensagens
Ailton também comentou outras mensagens atribuídas a ele e ao general Braga Netto, como “sentar o pau no Baptista Júnior”, “inferniza a vida dele e da família” e “elogia o Garnier”.
“Cada um fala o que quer. Eu escuto o que quero. Falo o que quero. Durante meu período no Exército, fui muito usado por essa turma, por acreditar em coelho da Páscoa, fada madrinha e ministro do Exército. Ninguém vai me usar. Eu não sou acéfalo. Não será encontrada conduta minha em lugar nenhum, porque não houve conduta. Eu não ataquei general nenhum. Não ataquei Baptista Júnior. Não conheço ninguém. Não elogiei ninguém. Eu não respondo a essas mensagens”, afirmou.
Réus do núcleo 4
- Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;
- Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
- Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
- Guilherme Marques Almeida – tenente-coronel do Exército;
- Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército; e
- Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal.
Segundo a PGR, os integrantes desse núcleo atuaram em frentes estratégicas de desinformação, com o intuito de minar a credibilidade das urnas eletrônicas e do processo eleitoral, além de pressionar as Forças Armadas a se envolverem no plano golpista.
Eles são acusados dos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.