Eleições municipais: quantas vezes o segundo turno terminou com virada nas capitais?
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- 22/10/2024
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Quinze capitais brasileiras vão definir, no próximo domingo (27), seus prefeitos. É o menor número de segundos turnos desde as eleições municipais de 2008, quando houve 11 decisões em duas etapas.
Em relação às últimas eleições para prefeito, realizadas em 2020 – e que tiveram o maior volume de segundos turnos (19) desde a redemocratização –, são quatro a menos.
Ao todo, desde 1992, primeira eleição municipal com possibilidade de segundo turno em todo o país, foram 116 ocasiões em que nenhum candidato nas capitais passou de 50% dos votos válidos ainda na primeira votação.
Desse total, 20 ocasiões – ou 17,24% – resultaram em virada, com pelo menos uma em todos os oito pleitos realizados entre 1992 e 2020.
Neste levantamento, a CNN destaca alguns dos principais dados relativos ao tema (os partidos atribuídos aos políticos citados eram aqueles os quais eles integravam à época dos respectivos pleitos). Veja:
Onde a eleição já virou?
Das 26 capitais, 15 já vivenciaram pelo menos uma virada nas eleições municipais anteriores: Aracaju (1), Belo Horizonte (1), Campo Grande (1), Cuiabá (1), Curitiba (1), Fortaleza (2), Macapá (3), Maceió (1), Manaus (2), Natal (1), Porto Alegre (1), Porto Velho (1), Recife (1), Rio de Janeiro (2) e São Paulo (1).
Dessas, em 11 o eleitor terá que retornar às urnas pela segunda vez em 2024 – as exceções são Macapá, Maceió, Recife e Rio de Janeiro, que elegeram seus prefeitos no primeiro turno.
Macapá lidera isoladamente o ranking de capitais com mais viradas. Vale destacar que até 2008 as eleições na capital amapaense eram realizadas em turno único, em função do número menor de eleitores. Isso significa que foram três viradas em um total de quatro pleitos – só não houve virada em 2016.
A maior virada por percentual de votos foi em Porto Velho, no ano de 2012. O candidato Dr. Mauro Nazif (PSB) teve 18,99% dos votos no primeiro turno, e foi ao segundo com Lindomar Garçon (PV), que teve 24,76%. Na segunda votação, Nazif terminou com 63,03% dos votos, um salto de 44,04% em relação a seu desempenho anterior.
São Paulo teve maior virada por número de votos
Já a maior virada por número absoluto de votos foi em São Paulo, nas eleições de 2016 – a única na capital paulista até hoje.
No primeiro turno, José Serra (PSDB) teve 30,75% dos votos, ante 28,98% de Fernando Haddad (PT). No segundo, Haddad conseguiu reverter o quadro e venceu com 55,57%. A diferença entre os dois candidatos, de 678.952 votos, foi a maior entre as viradas desde a redemocratização.
Capitais onde o resultado nunca mudou
Diferentemente das cidades citadas no tópico anterior, dez capitais já passaram por segundas votações, mas nunca tiveram virada: Belém (6), Boa Vista (1), Florianópolis (5), Goiânia (6), João Pessoa (4), Rio Branco (2), Salvador (4), São Luís (6), Teresina (4) e Vitória (4).
Palmas não compõe nenhum dos dois grupos: entre 1992 e 2020, a disputa pela Prefeitura da capital do Tocantins nunca teve segundo turno – a primeira vez é em 2024, protagonizada pelos candidatos Janad Valcari (PL) e Eduardo Siqueira Campos (Podemos).
Candidatos reincidentes
De maneiras diferentes, três políticos já fizeram parte de mais de uma virada na história das eleições para prefeito:
Rio de Janeiro
Na capital fluminense, César Maia virou a eleição em duas ocasiões. Em 1992, pelo PMDB, Maia (21,79%) saiu atrás de Benedita da Silva (PT, 32,94%) no primeiro turno. No segundo, conseguiu reverter a desvantagem e terminou com 51,89% dos votos, ante 48,11% de Benedita.
Em 2000, Maia repetiu o feito, agora pelo PTB: terminou o primeiro turno com 23,04% dos votos, enquanto seu adversário, Luiz Paulo Conde (PFL), teve 34,69%. A segunda virada foi ainda mais acirrada que a primeira, mas Conde (48,94%) foi superado por Maia, que terminou com 51,06% dos votos.
Manaus
Em Manaus, Amazonino Mendes viveu uma situação oposta. Em 2004, pelo PFL, Mendes saiu à frente na disputa, com 43,50% dos votos. Seu adversário, Serafim Corrêa (PSB), teve 28,77%. No segundo turno, entretanto, Corrêa reverteu o quadro e terminou com 51,68%, ante 48,32% de Mendes.
Dezesseis anos depois, em 2020, Mendes enfrentou David Almeida (Avante), e novamente saiu à frente na disputa, terminando o primeiro turno com 24,31% – mas sofreu outra virada: Almeida, que teve 22,74% no primeiro turno, chegou a 51,27% no segundo e foi eleito prefeito.
Macapá
Em Macapá, um terceiro reincidente: em 2008, no primeiro turno, Roberto Góes (PDT) teve 26,53% dos votos, e saiu atrás contra Camilo Capibaribe (PSB), que chegou a 33,07%. No segundo turno, Góes conseguiu a virada e terminou com 51,66%.
Quatro anos depois, ao tentar se reeleger, Góes foi de “virador” a “virado”: no primeiro turno, terminou com 40,18% dos votos. Seu adversário, Clécio Luís (PSOL), teve 27,89%. Na segunda votação, veio a virada: Clécio venceu por uma margem pequena, com 50,59% dos votos, enquanto Góes ficou com 49,41%.
Virada mais acirrada
Tanto por número absoluto de votos quanto por percentual, a virada mais acirrada em uma capital ocorreu em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, em 1996.
Naquele ano, Zeca do PT (PT) foi o primeiro colocado no primeiro turno, com 38,72% dos votos. Seu adversário, André Puccinelli (PMDB), teve 30,94%. No segundo turno, a diferença entre os dois foi de 0,16% – em número absolutos, apenas 411 votos deram vitória a Puccinelli.
Cenários em 2024
Neste ano, as distâncias no primeiro turno das capitais que terão segunda votação variaram de 0,41% a 27,39%.
A menor diferença foi registrada em São Paulo, onde Ricardo Nunes (MDB) terminou na primeira colocação com 29,48% dos votos válidos, ante 29,07% de Guilherme Boulos (PSOL).
Em outras três capitais, a diferença foi inferior a 4%: Goiânia (3,48%), Curitiba (2,34%) e Campo Grande (2,11%).
A maior diferença ocorreu na capital paraibana, João Pessoa, onde o atual prefeito Cícero Lucena (PP) conquistou 49,16% dos votos válidos. Seu adversário, Marcelo Queiroga (PL), teve 21,77%.