
Columbia muda regras de antissemitismo após pressão de Trump
- Internacional
- 17/07/2025
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A Universidade de Columbia, localizada em Nova York, nos Estados Unidos, anunciou nesta terça-feira (15) que mudará suas regras institucionais de combate ao antissemitismo e adotará a definição da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto) em suas políticas institucionais. A decisão vem após pressão do presidente americano, Donald Trump.
Em março, a universidade já havia cedido a pressão de Trump para recuperar $400 milhões (R$ 2,3 bilhões) em verbas, acatando mudanças no departamento de estudos de Oriente Médio, proibindo máscaras militares no campus e empoderando agentes de segurança para remover ou prender indivíduos na instituição.
O governo e a instituição de ensino haviam entrado em embate em razão de divergências quanto alguns pontos da definição da IHRA, que trata como antissemitismo certas críticas ao Estado de Israel – afirmando por exemplo que o país é “racista” ou comparar suas ações aos dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Para a IHRA, “os atos criminosos são antissemitas quando os alvos dos ataques, quer sejam pessoas ou bens – tais como edifícios, escolas, locais de culto e cemitérios -, são selecionados porque são judaicos ou associados aos judeus, ou vistos como tal”.
Sua discriminação “consiste na recusa aos judeus de oportunidades ou serviços disponibilizados a terceiros e é ilegal em muitos países”.
Veja alguns exemplos:
- Apelar, ajudar ou justificar o assassinato ou os maus tratos a judeus em nome de uma ideologia radical ou de uma visão extremista da religião.
- Fazer alegações enganosas, desumanizadoras, demonizadoras ou estereotipadas sobre os judeus ou sobre o poder dos judeus como um coletivo – tais como, em particular mas não exclusivamente, o mito de uma conspiração judaica mundial ou de os judeus controlarem os meios de comunicação social, a economia, o governo ou outras instituições da sociedade.
- Acusar os judeus como povo de serem responsáveis por irregularidades reais ou imaginárias, cometidas por um judeu ou um grupo judaico, ou até por atos cometidos por não judeus.
- Negar o fato, o âmbito, os mecanismos (por exemplo, as câmaras de gás) ou o caráter intencional do genocídio do povo judeu pelas mãos da Alemanha nacional-socialista e seus apoiantes e cúmplices durante a II Guerra Mundial (o Holocausto).
- Acusar cidadãos judeus de serem mais leais a Israel, ou às alegadas prioridades dos judeus em nível mundial, do que aos interesses das suas próprias nações.
- Negar ao povo judeu o seu direito à autodeterminação, por exemplo afirmando que a existência do Estado de Israel é um empreendimento racista.
- Aplicar uma dualidade de critérios, requerendo um comportamento que não se espera nem exige de qualquer outra nação democrática.
- Utilizar símbolos ou imagens associados ao antissemitismo clássico (por exemplo, alegações de os judeus terem matado Jesus ou do libelo de sangue) para caracterizar Israel ou os israelitas.
- Efetuar comparações entre a política israelita contemporânea e a dos nazistas.
- Considerar os judeus coletivamente responsáveis pelas ações do Estado de Israel.
Na Universidade, denúncias com base no novo critério serão apuradas e investigadas pelo Escritório de Equidade. A instituição nomeará dois coordenadores para supervisionar os casos e produzir dois relatórios por ano. Columbia também lançará programas de educação junto à organizações judaicas.
Claire Shipman, reitora interna da universidade afirma que “não há lugar para intimidação, linguagem de ódio contra judeus, ou israelenses na Columbia, e temos tolerância zero para esse comportamento”.
“Combater o antissemitismo exigirá tempo, mas é um passo necessário para promover a cura e seguir em frente”, completou.
As medidas entrarão em vigor no semestre de outono deste ano e valerão para todas as unidades acadêmicas e administrativas da universidade no Estado.