
Caprarola: como conhecer Villa Farnese, perto de Roma – 23/07/2025 – Turismo
- Turismo e Viagens
- 24/07/2025
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A cerca de uma hora de carro de Roma, a pequena Caprarola guarda um tesouro do renascimento que tem se mantido imune às multidões que lotam a capital italiana, sobretudo durante a alta temporada.
Basta bater um papo com guias turísticos, que eles sentenciarão: a principal cidade do país está em média 20% mais cheia do que o habitual, graças ao ano do Jubileu católico, comemorado em 2025, e à chegada do novo papa, Leão 14, eleito há poucos meses.
Assim, fica ainda mais difícil desbravar os tesouros de Roma. A Fontana di Trevi está praticamente intransitável. A Piazza Navona idem. Ir ao Vaticano requer agendamento ou então se corre o risco de passar horas na fila sob o sol escaldante do verão italiano. Mas há Caprarola, como dizíamos.
Situado no norte da província do Lácio, a meio caminho da Toscana, o vilarejo foi erguido em colinas de temperatura mais amena em torno de uma mansão chamada Villa Farnese, que guarda intactos afrescos do início do século 16.
A propriedade foi construída pela influente família Farnese, mais especificamente pelo cardeal Alessandro Farnese, que mais tarde a se tornaria o papa Paulo 3º.
De longe já se avista esse palácio, no alto do morro. Sua estrutura pentagonal —que inspiraria o Pentágono, em Washington— foi pensada para torná-la inexpugnável, pois seus cinco lados garantiam mais visibilidade e cobertura de todos os ângulos, dificultando o avanço de invasores.
Dentro, o visitante topa com um pátio circular, rodeado por salões criados como demonstração de poder da família Farnese. São cinco amplos andares, unidos por uma escada em caracol adornada por colunas jônicas.
A graça é perder horas contemplando os afrescos renascentistas. O futuro papa contratou um time de pintores que incluíram Antonio Tempesta, Taddeo Zuccari e Jacopo Bertoia, alguns dos principais nomes do estilo maneirista.
Mesmo acostumados à overdose de estímulos vindos das telas, os olhos se arregalam. São episódios históricos (Paulo 3º tinha um fraco por Alexandre, o Grande), passagens da mitologia greco-romana, parábolas bíblicas e outras tantas imagens mostrando os Farnese como ases da diplomacia.
O grau de preservação das pinturas impressiona: suas cores ainda estão vivíssimas, como se tivessem sido feitas há poucas décadas, e não há cinco séculos. Dá para ver tudo com tranquilidade, sem receber as cotoveladas do povo que se amontoa na Capela Sistina.
Do lado de fora há um amplo jardim carregado de castanheiras e pinheiros, e uma fonte esculpida em torno de duas figuras que parecem deuses marinhos, despejando água degraus abaixo.
Em Caprarola, ainda dá para experimentar iguarias locais, sobretudo carnes de caça como javali e coelho. A Trattoria del Cimino, na rua principal, vem servindo algumas dessas opções desde 1895, a preços até que razoáveis para os padrões europeus —os pratos ali não passam dos 16 euros (ou R$ 102).
O jornalista se hospedou a convite da Rocco Forte Hotels