
Brasil enfrenta problemas com Ucrânia e Israel enquanto lida com EUA
- Internacional
- 27/07/2025
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Em paralelo aos esforços para conter a crise com os Estados Unidos, após a polêmica tarifa de Donald Trump, o governo brasileiro enfrentou uma semana de problemas diplomáticos com Ucrânia e Israel.
Rusgas diplomáticas
- Desde o início do terceiro mandato de Lula, o Brasil enfrenta problemas e rusgas diplomáticas com Ucrânia e Israel.
- Isso, por conta de posicionamentos do presidente do Brasil sobre as guerras enfrentadas pelos dois países, que não agradaram Kiev e Tel Aviv.
- Para o governo da Ucrânia, o posicionamento brasileiro sobre o conflito no Leste Europeu é visto como pró-Rússia. Já Israel acusa o presidente do Brasil de não apoiar, suficientemente, os israelenses na guerra e, consequentemente, dar sinalizações positivas aos atos do grupo extremista Hamas.
No campo diplomático, recentes movimentações apontam para um maior distanciamento entre Brasil e os países comandados por Volodymyr Zelensky e Benjamin Netanyahu, por conta de posicionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as guerras que envolvem Ucrânia e Israel.
Na segunda-feira (21/7), Volodymyr Zelensky definiu o nome de 16 novos embaixadores ucranianos, que vão ocupar postos no exterior. Conforme adiantado pelo Metrópoles, o governo da Ucrânia expandiu a presença diplomática na América Latina, com a abertura de embaixadas no Equador, República Dominicana, Panamá e Uruguai.
Apesar disso, o governo ucraniano decidiu não indicar um embaixador para a embaixada do país em Brasília. A decisão foi tomada após o governo Zelensky criticar algumas falas e gestos do presidente Lula, vistos como favoráveis à Rússia.
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Sem embaixador ucraniano desde junho
A representação está sem um chefe de primeiro escalão desde o início de junho, quando o embaixador Andrii Melnyk deixou o posto para assumir um cargo na Organização das Nações Unidas (ONU).
Mesmo que a ausência de um embaixador signifique um gesto de desaprovação de um governo, em relação ao país que recebe a missão diplomática, fontes ligadas à diplomacia brasileira negam um possível distanciamento entre Brasília e Kiev.
“A informação que tenho do ministro das Relações Exteriores é que, com a saída do [embaixador] Melnyk, que ocorreu há dois meses apenas, eles irão discutir internamente candidatos, e isso demora”, disse uma fonte ligada à embaixada do Brasil na Ucrânia, que pediu anonimato. “Foi-me dito que a demora é normal, e que o ‘Brasil é um país muito importante para a Ucrânia, portanto o processo é trabalhoso’ . Por isso, esses nomes anunciados foram definidos praticamente no ano passado, e depois submetidos a agrément [aprovação]”.
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Lula e Zelensky
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Ação contra Israel e saída de aliança em memória do Holocausto
O Brasil também se encaminha para um rebaixamento nas relações com Israel — uma ação que, nos bastidores, já vinha acontecendo de forma gradual.
Após o início da guerra na Faixa de Gaza, o presidente Lula tem sido uma das lideranças internacionais com posturas mais críticas às ações de Israel durante o conflito, que já matou mais de 60 mil palestinos.
Como forma de aumentar a pressão contra o governo de Benjamin Netanyahu, o Brasil oficializou o ingresso na ação judicial que tramita na Corte Internacional de Justiça (CIJ) contra Israel. Apresentado em 2023 pela África do Sul, o processo pede que o Tribunal de Haia, como também é conhecida a corte, tome medidas contra possíveis crimes de guerra israelenses, incluindo o de genocídio, cometidos no enclave palestino.
A decisão brasileira provocou reações no governo israelense. Por meio da chancelaria do país, o governo Netanyahu classificou o apoio do Brasil à ação como “falha moral”. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores de Israel ainda declarou que o gesto do governo Lula indica um abandono do “consenso global contra o antissemitismo”.
Em outro sinal contrário às ações israelenses em Gaza, o governo Lula também decidiu retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). Desde 2021, o país participava da organização, criada na década de 1990 para combater o antissemitismo, como país observador.
Distanciamento diplomático
O Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, revelado pela chancelaria israelense e confirmado pelo Metrópoles. Interlocutores ligados à diplomacia israelense avaliam que as últimas movimentações do governo brasileiro indicam um avanço no distanciamento entre Brasil e Israel.
Na representação diplomática em Brasília, o clima é de incerteza. Isso porque, em meio às decisões do governo brasileiro, a embaixada de Israel no Brasil ainda corre o risco de ficar sem um embaixador nos próximos dias.
O atual chefe da missão diplomática, Daniel Zonshine, está prestes a deixar o posto para se aposentar. Um novo nome já foi escolhido para substituí-lo, contudo o governo brasileiro tem barrado o agrément — consentimento para uma autoridade assumir uma embaixada — desde o início do ano.
Caso o nome do embaixador Gali Dagan não seja aprovado nas próximas semanas, as relações entre Brasil e Israel serão automaticamente rebaixadas, tendo em vista a falta de um representante israelense do primeiro escalão em Brasília.