Atlético-MG vive crise financeira e liga alerta sobre SAFs – 23/07/2025 – Esporte

Atlético-MG vive crise financeira e liga alerta sobre SAFs – 23/07/2025 – Esporte

Tendo aderido ao modelo das SAFs (Sociedade Anônima do Futebol) em julho de 2023 em busca da profissionalização da gestão e do saneamento de suas contas, o Atlético Mineiro convive, dois anos depois, com atrasos no pagamento de salários aos jogadores e a necessidade de novos aportes milionários de investidores.

A situação do clube está longe de ser nova no futebol brasileiro, mas acende um sinal de alerta para o modelo das SAFs, com outros clubes da Série A do Campeonato Brasileiro que se transformaram em sociedades anônimas também convivendo com dificuldades financeiras e o acúmulo crescente de dívidas.

Na tarde de terça-feira (22), o atacante Rony, que chegou ao Atlético no início do ano vindo do Palmeiras, chegou a pedir na Justiça do Trabalho a rescisão unilateral de seu contrato com o clube, sob a alegação de atrasos nos pagamentos de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), luvas e direitos de imagem.

O time disse em nota estar com os salários CLT em dia, “somente com uma parcela dos direitos de imagem atrasada em dois dias”.

Outros jogadores do elenco, como Gustavo Scarpa, Guilherme Arana e Igor Gomes, também notificaram o clube extrajudicialmente nos últimos dias por atrasos nos pagamentos de salários, embora eles não tenham recorrido ao Judiciário.

“Temos quase seis anos de história com o clube, construídos com carinho, respeito e uma identificação enorme. Por isso, jamais tomaríamos qualquer atitude extrema sem antes tentar, de todas as formas possíveis, resolver a situação com equilíbrio, diálogo e respeito mútuo”, escreveu Guilherme Arana em publicação nas redes sociais, na qual aparece segurando um galo, símbolo do Atlético.

Ainda no fim da noite de terça, Rony acabou recuando e retirou o pedido de rescisão, após ser convencido de que os pagamentos seriam regularizados.

Principal investidor da SAF do clube, Rubens Menin foi às redes sociais para dizer que todas as pendências com o grupo serão resolvidas.

“O Atlético tem responsabilidades, e as honra. Tem compromissos, e os cumpre. E tem um projeto de longo prazo sendo construído com trabalho duro, transparência e espírito coletivo”, escreveu o empresário, que também é dono da construtora MRV e do Banco Inter, com uma fortuna estimada pela Forbes em cerca de US$ 1,8 bilhão (R$ 10 bilhões).

Procurado, o clube disse não ter comentários adicionais a fazer neste momento.

Uma reunião da diretoria com o elenco está prevista para acontecer nesta quarta-feira, antes do confronto de volta contra o Bucaramanga, da Colômbia, pela Copa Sul-Americana, na noite de quinta-feira (24), na Arena MRV.

Segundo Cesar Grafietti, economista e sócio da consultoria Convocados, mesmo após um grande aporte de capital na criação da SAF, de R$ 913 milhões, o clube seguiu com gastos acima do ideal, com muitos investimentos na contratação de jogadores levando a um aumento das dívidas.

Dados do balanço de 2024 mostram que o endividamento do clube chegou a cerca de R$ 1,4 bilhão em dezembro, um aumento de quase 20% na comparação com o ano anterior, com R$ 218 milhões em gastos na contratação de jogadores para a temporada e uma folha salarial de quase R$ 300 milhões, contra uma receita bruta de R$ 674 milhões.

Grafietti acrescentou que o Atlético se transformou em SAF, mas sem mudar o modus operandi, trazendo atletas caros com salários incompatíveis com a realidade do clube. “As dívidas seguiram consumindo as receitas por conta dos juros elevados, e as receitas nunca cresceram na medida necessária.”

O economista assinalou ainda que, sem um aporte urgente de recursos, a situação seguirá insustentável, com o clube sendo forçado a ir a mercado em busca de investidores interessados em aportar capital na operação.

“A situação do Atlético serve de alerta para todos os clubes. As dívidas precisam estar controladas e compatíveis com a capacidade de pagamentos, porque, se não for assim, elas estrangularão a gestão em algum momento.”

Grafietti ponderou que a SAF em si não faz tanta diferença no fim do dia, se a gestão não pensar o clube, de fato, como um negócio.

Ele cita a situação bastante delicada em que também se encontra o Vasco. O clube carioca aderiu ao modelo de SAF em setembro 2022, mas enfrentou uma série de descumprimentos do acordo e trocas de acusações com o investidor 777 Partners, até o rompimento entre as partes, em maio de 2024.

Com dívidas em torno de R$ 1,2 bilhão, o Vasco entrou com um pedido de recuperação judicial no fim de fevereiro na tentativa de conseguir algum fôlego financeiro e também segue no mercado em busca de um novo investidor.

“A busca por um novo investidor para o Vasco SAF já está em andamento, com todo o cuidado e responsabilidade que o momento exige. O episódio da 777 Partners deixa uma lição que não pode ser ignorada”, escreveu Pedrinho, presidente do clube, em relatório financeiro publicado no início de julho.

“Profissionalizar o futebol não significa entregar o controle do clube de forma cega a grupos sem histórico sólido, garantias ou transparência. Isso reforça a necessidade de adotar um processo rigoroso de avaliação para investigar a fundo a solidez e a idoneidade de um potencial parceiro antes da assinatura de qualquer acordo”, assinalou o ex-meia.

Grafietti afirmou ainda que a SAF do Cruzeiro também “acende um sinal de alerta”, com a dívida do clube sob a nova gestão de Pedro Lourenço chegando a R$ 1,3 bilhão no fim de 2024, um aumento de 45% em relação a 2023.

O clube mineiro encerrou o ano passado com um prejuízo em torno de R$ 170 milhões, tendo desembolsado quase R$ 200 milhões na contratação de reforços na janela de transferências.

Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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