
Ainda dá para se preparar para o vestibular em agosto? – 27/07/2025 – Educação
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- 27/07/2025
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Com menos de quatro meses até o Enem e os principais vestibulares do país, como Fuvest, Unicamp e Unesp, é comum que estudantes se sintam atrasados ou desmotivados diante da maratona que vem pela frente. A boa notícia é que ainda dá tempo de se preparar.
Na reta final, o mais importante não é estudar mais, mas sim estudar melhor. Isso significa ter foco, revisar com método, treinar com regularidade e cuidar da saúde mental. Especialistas ouvidos pela Folha explicam que o desempenho pode melhorar até a data das provas se houver organização e constância.
“Quem traça metas realistas e específicas tende a se destacar mais agora do que quem tenta abraçar tudo de uma vez”, afirma Thiago Mulim, gestor de excelência acadêmica do Grupo Salta. A orientação vale tanto para quem já tem uma base sólida quanto para quem está começando do zero.
A matéria reuniu orientações práticas para mostrar o que realmente funciona nos últimos meses de preparação. O foco está em revisar com estratégia, fazer simulados com propósito e treinar a redação com autenticidade, evitando atalhos que podem prejudicar o desempenho.
Para Leonardo Paes Monteiro, gerente sênior de ensino médio da Fundação Bradesco, não existe fórmula mágica para uma boa redação. O caminho mais eficaz é construir uma rotina de escrita, com leituras constantes e produções autorais.
A seguir, veja como montar uma rotina eficiente, usar bem os simulados, organizar os estudos por prioridade, lidar com a ansiedade e escrever uma redação que reflita seu repertório —e não o de outra pessoa.
Metas concretas são mais eficazes que longas horas de estudo
Neste ponto do ano, abandonar metas genéricas como “estudar matemática à tarde” e adotar objetivos específicos, mensuráveis e viáveis pode fazer diferença. Um exemplo: “resolver 20 questões de razão e proporção do Enem entre 15h e 17h”. Segundo Mulim, esse tipo de planejamento ajuda o estudante a visualizar o progresso, reduz a ansiedade e torna o estudo mais produtivo.
Metas bem estruturadas também ajudam a priorizar conteúdos com maior peso no vestibular escolhido. Para cursos concorridos, é essencial organizar o tempo conforme a relevância das disciplinas na nota final.
Quem está muito atrasado deve começar pequeno, mas com foco. “Em vez de tentar estudar tudo, o ideal é filtrar os temas mais cobrados e começar pelas questões básicas”, orienta Mulim.
Evitar o excesso de materiais também é importante. Muitas fontes podem desorganizar mais do que ajudar. Alternar as disciplinas ao longo do dia torna a rotina mais leve e estimulante.
Simulados são mais que treino: são ferramenta de diagnóstico
Fazer simulados semanais é importante não apenas para ganhar resistência física e emocional, mas principalmente para entender onde estão os principais gargalos. Avaliar os erros, os acertos por chute e o tempo gasto em cada parte da prova são passos indispensáveis.
“Depois do simulado, é importante revisar os conteúdos em que houve mais dificuldade, usar gabaritos comentados e, se possível, discutir os erros com professores“, diz Mulim.
Redação exige prática, leitura e autenticidade
A redação pode ser decisiva na nota final. Por isso, o treino deve ir além da estrutura básica. A recomendação é praticar por eixos temáticos amplos, como “meio ambiente” ou “tecnologia“, e escrever com tempo cronometrado.
Segundo Monteiro, da Fundação Bradesco, é fundamental desenvolver a autoria e evitar fórmulas decoradas. “Dá para perceber quando o texto está engessado. Costuma haver desconexões entre as partes e citações que não conversam com o tema”, afirma. Textos bem construídos trazem ideias articuladas e argumentos coerentes com a realidade do estudante.
Copiar “redações nota mil” da internet é comum, mas arriscado. Repertórios decorados, argumentos genéricos e frases feitas comprometem a avaliação. “A banca reconhece textos automatizados e descolados da vivência do candidato”, alerta Monteiro.
Um diferencial valorizado na redação é a capacidade de relacionar o tema à própria vivência. “Um estudante do Norte, por exemplo, pode abordar a crise climática a partir dos impactos das queimadas e das mudanças no regime de chuvas na região. Já um candidato do Sul pode usar as enchentes recentes para discutir questões ambientais e sociais, mobilizando conhecimentos de geografia, ciências e educação socioemocional para refletir e propor soluções”, diz
Leitura amplia o repertório e fortalece a argumentação
Construir repertório não depende só do conteúdo escolar. Ouvir podcasts, acompanhar o noticiário e ler literatura —clássica ou contemporânea— ajuda a desenvolver argumentos mais ricos e contextualizados, tanto na redação quanto nas questões discursivas e objetivas.
Na Fundação Bradesco, o incentivo à leitura é parte da formação desde os primeiros anos. “O aluno precisa ser um leitor atento e curioso para se tornar um bom escritor. É desse universo que surgem as ideias mais originais”, afirma Monteiro.
Entre as práticas eficazes citadas por ele estão:
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valorização da leitura como base para ampliar repertório cultural, social e literário;
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participação em concursos e oficinas de escrita;
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produção textual frequente, com devolutivas construtivas.
Emoção também precisa de estratégia
A ansiedade é uma das maiores vilãs da preparação para o vestibular. Ter uma rotina previsível, com horários definidos e metas realistas, ajuda a dar sensação de controle e segurança.
Atividades físicas, momentos de descans o e trocas com colegas e professores também fazem diferença. “Quando o estudante percebe que não está sozinho, que outros enfrentam os mesmos medos, ele se sente mais acolhido”, afirma Mulim. Celebrar pequenas conquistas, como cumprir uma meta semanal, ajuda a manter a motivação em alta.
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