Advogado não vê crime em ação de marketing da “falsa multa” da cantora Safí

VISÃO

“É o que chamamos de falso grosseiro, algo tão obviamente fictício que ninguém acredita ser verdadeiro”

O advogado criminalista Paulo Castro disse que a ação de marketing da cantora e compositora Safí, que afixou falsas multas de trânsito como uma ação publicitária de uma nova música em para-brisas de automóveis, não configura crime. No último dia 16 de junho, a Secretaria de Engenharia de Trânsito de Goiânia chegou a emitir um alerta sobre um suposto novo golpe praticado na capital. Nesta semana, a pasta formalizou uma denúncia na Polícia Civil (PCGO) contra a artista.

“O que aconteceu foi uma ação de marketing ousada, que usou a aparência de uma multa para chamar atenção — mas sem qualquer intenção de enganar ou tirar proveito de alguém. É o que chamamos de falso grosseiro, algo tão obviamente fictício que ninguém acredita ser verdadeiro”, argumenta o advogado. Assim, para ele, não houve golpe e nem tentativa de ganho indevido. “Por isso, não se pode tratar o caso como crime. O Direito Penal deve ser usado com equilíbrio, reservado para situações em que há prejuízo real e intenção clara de causar dano. Aqui, o que se viu foi uma provocação artística, criativa, sem qualquer lesão concreta à sociedade.”

No “golpe”, papéis falsos, simulando notificações de infração com QR code, haviam sido espalhados nos para-brisas de veículos estacionados nos arredores do Parque Flamboyant. Em seguida, foi descoberto que não era uma trama golpista, mas uma ação publicitária para promover a cantora e compositora Safí, e a nova música dela. Porém, a pasta informou que a situação gerou transtorno na população, além de mobilizar equipes da secretaria.

Na notificação “fake” havia um QR code que levava para uma música. Safí disse nas redes sociais que a ideia foi inspirada em um artista dos Estados Unidos. “Fizemos um protótipo de uma multa que não se parece com o documento oficial, com um asterisco informando que era uma ação publicitária. Eu entendo que foi um ‘marketing de susto’, sabia que o gatilho era esse, mas quem pegou a multa, dez segundos depois, viu que não era isso, que era uma ação publicitária”, afirmou.

Campanha

O objetivo da campanha, que foi interpretada como golpe, era o de viralizar o single ‘Um Nó’, que a artista acaba de lançar. Safí conta que a música fala sobre entrega, consciência emocional e a capacidade de transformar a dor em uma arte sensível e harmoniosa e marcante.

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