A tarifa de Trump vem aí; o que nós podemos fazer – 21/07/2025 – Joel Pinheiro da Fonseca

A tarifa de Trump vem aí; o que nós podemos fazer – 21/07/2025 – Joel Pinheiro da Fonseca

A esta altura, depois de reiteradas falas de Trump e da revogação dos vistos de ministros do Supremo, quem ainda insistir em dizer que as tarifas de Trump não têm nada a ver com Bolsonaro —e que seu real interesse, inexplicavelmente secreto, é punir o Brasil (e unicamente o Brasil) por seu papel no Brics— está apenas reproduzindo narrativa política. Trump dá todas as mostras de que quer sim dobrar nossa Justiça.

Eduardo fez sua escolha. Está disposto a destruir o Brasil para livrar o pai da Justiça. “Se tudo der errado, estaremos vingados.” Agora o Brasil tem que se haver com as consequências dessa vingança.

Até hoje, Trump quase sempre recua na hora H. Pode acontecer de novo agora. Contudo, o mais prudente é considerar que ele pode sim impor as tarifas. O fim das exportações aos EUA é um duro golpe, mas não é catastrófico —representará, no pior caso possível, 2% do PIB. O nosso mercado interno, no curto prazo, terá aumento de oferta desses produtos, o que deve dar uma redução momentânea no preço (que será corrigida à medida em que a produção se adapte à nova realidade).

Com os EUA, temos poucas opções. O governo Lula falhou ao não priorizar a relação desde a chegada de Trump. Lula chegou a dizer que não conversou com Trump porque “não tinha assunto”. Aí estava o assunto. Nunca saberemos, no entanto, se um canal melhor de comunicação teria feito a diferença. O que sabemos é que, neste momento, Trump não responde à carta de propostas brasileiras, mas manda carta a Bolsonaro.

A partir do anúncio de Trump, a postura do governo está correta: tentar negociar em cima do que pode ser negociado —as pautas econômicas trazidas à mesa pelo pedido de investigação do governo americano, por exemplo— mesmo sabendo que a chance de sucesso é baixa. Pleitear algum adiamento, ao menos aos setores mais vulneráveis. Retaliar é um passo temerário, dado que a dor que os EUA podem nos causar é muito grande.

Além disso, fazer contato com empresas, imprensa e grupos de pressão americanos para que pressionem Trump, mostrando o efeito ruim das tarifas sobre o preços. A pressão econômica foi, até hoje, a única que surtiu efeito em Trump.

Nosso olhar deve estar para fora dos EUA. Entrar em contato com outros governos —democráticos— que possam se manifestar contra a chantagem de Trump. Hoje, somos nós; amanhã serão as decisões soberanas de outras nações que estarão na mira de Trump.

É hora de olhar para fora, procurando novos mercados e buscando novos acordos comerciais. Nos anos 1990 e 2000, quando muitos países buscavam acordos comerciais, o Brasil não se abriu. Agora temos uma nova oportunidade. O bullying protecionista de Trump empurra o mundo —Brasil incluso— na direção correta. Uma vez criados, os novos fluxos comerciais tendem a se perpetuar, deixando-nos menos dependentes dos EUA.

Em tudo isso, vemos a falta que faz uma autoridade mundial do comércio, como era a OMC. Por iniciativa de Trump —mantida por Biden— ela está inoperante desde 2019. Ressuscitá-la ou, na impossibilidade de se fazê-lo sem a cooperação americana, criar uma alternativa com ampla adesão voluntária, deveria também estar na lista de prioridades. O comércio internacional se beneficia de regras uniformes.


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Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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