Não existe azeite barato. Não seja trouxa – 25/09/2024 – Cozinha Bruta

Tem um hortifruti, aqui na rua de baixo, que eu frequento bastante. Um dos motivos são os ótimos preços do vinho e do azeite.

Ótimos, é claro, relativamente.

Nos últimos anos, o preço do vinho saltou junto com a cotação do dólar. Mais recentemente, foi o azeite que disparou. O clima escaldante e seco fulminou a safra espanhola (quem diria?), e a demanda por azeite ficou muito maior do que a oferta.

Nesse hortifruti, o preço dos azeites comuns vai de trinta e muitos a quarenta e poucos reais, na garrafa de meio litro. Mas volta e meia aparece um pássaro exótico entre os pardais.

Outro dia surgiu uma marca de que eu nunca ouvira falar, supostamente portuguesa, que custava R$ 28. O povo do bairro, em frenesi, esvaziou a gôndola em apenas um dia.

Galera, vou repetir o título deste artigo: azeite barato não existe. É golpe. Não existe mágica nem milagre. Não banquem os otários tentando ser espertalhões.

Como acontece com demasiada frequência, a Anvisa proibiu nesta semana a venda de duas marcas de, que venham as aspas, “azeite”. A agência alega que os óleos eram distribuídos por “empresas desconhecidas”.

Funciona assim: os golpistas falsificam (usam óleo comum em vez de azeite) ou adulteram (misturam outros óleos ao azeite) o produto em galpões que toda hora são descobertos em blitze da polícia ou autoridades sanitárias. Curiosamente, a notícia dessas operações costuma vazar, dando tempo para os malacos abandonarem a cena do crime.

Aí os falsários somem por um tempinho, mas logo retornam com outra marca e outro CNPJ.

Falsificar azeite é fácil demais, é um risco que os criminosos topam correr para faturar alto. Comprar “azeite” baratinho é cair no golpe.

Mais difícil se livrar dele quando o comprador da falcatrua é um dono de restaurante que usa o óleo ruim para cozinhar e até o coloca na mesa, reutilizando frascos de marcas honestas.

Acontece. E não acontece pouco. Mas é ainda mais difícil enquadrar esses malandros.

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