Atletas mostram que maternidade não é o fim da carreira – 20/09/2024 – Marina Izidro

Atletas mostram que maternidade não é o fim da carreira – 20/09/2024 – Marina Izidro

Nas muitas histórias contadas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris, um tema foi bastante abordado: atletas que foram mães recentemente ou seriam em breve, caso da esgrimista egípcia Nada Hafez, que competiu grávida de sete meses.

Foram Jogos em que, em muitos momentos, mulheres estiveram em foco. Nas Olimpíadas, houve a quase paridade de gênero. Das 20 medalhas do Brasil, 12 vieram delas, incluindo os três ouros –Duda e Ana Patrícia no vôlei de praia, Beatriz Souza no judô e Rebeca Andrade na ginástica artística.

Evoluímos nos últimos anos na forma como retratamos o esporte feminino. As reportagens das “musas”, felizmente, quase não existem mais. E também precisamos ter atenção na maneira como falamos das atletas mães.

Minha preocupação quase beira a implicância com esse tipo de pauta. Começando pela forma, às vezes inconsciente, como toda a responsabilidade é colocada em cima da mulher. Não existem reportagens sobre “atletas que são pais recentes”, apesar de o homem ser igualmente responsável pela geração de uma criança.

É importante, sim, falar sobre o assunto. Todo o mundo sabe quanto atletas adiam a gravidez por causa das carreiras, por medo de perder contratos e patrocínios. Muitas desistem da maternidade. Porém é preciso tratar do tema não as colocando como coitadinhas, quase como uma história de superação, mas mostrando que é possível voltar ao alto nível depois da gravidez, explicando como avançar em políticas esportivas e trabalhistas e aumentar estudos em ciência do esporte focados em mulheres.

Dar voz às atletas e incluir mulheres em cargos de gestão e de chefia na área esportiva ajudam a gerar mudanças significativas. Caso de clubes que passaram a monitorar ciclos menstruais, ou a troca da cor do calção da seleção feminina de futebol da Inglaterra de branco para azul, para que jogadoras que estejam menstruadas consigam focar a performance, um pedido antigo delas. Até Wimbledon relaxou o rígido código de vestimenta e desde o ano passado permite que as tenistas usem shorts escuros por baixo do uniforme branco.

No mês passado, o jornal britânico The Telegraph, que dedica bastante espaço às modalidades femininas, publicou uma reportagem explicando como reformas feitas pelo órgão que rege o esporte na Grã-Bretanha se refletiram em pódios nos Jogos Olímpicos de Paris para atletas que tiveram filhos recentemente. No fim de 2021, o UK Sport estabeleceu que atletas continuariam recebendo salários ao longo da gravidez e até nove meses após o parto. “Das nove mães do Team GB, sete voltaram com medalhas.”

Mesmo assim, a remadora britânica Mathilda Hodgkins-Byrne, medalhista de bronze, afirmou que gastou 7.000 libras para levar filho e cuidadora aos “campings” de treinamento. Ela falou a uma comissão do Parlamento britânico como a gravidez é tratada como “doença” no esporte e ajudou a federação britânica de remo a criar uma política de maternidade.

Tudo isso 76 anos depois de a holandesa Fanny Blankers-Koen ter ganhado quatro ouros nas Olimpíadas de Londres de 1948 no atletismo, sendo apelidada de “dona de casa voadora” porque tinha dois filhos (e competiu grávida do terceiro, sem ninguém saber). Passo a passo, tentamos diminuir um atraso histórico.


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Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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