Geração Z: entre o desânimo e a esperança do primeiro emprego

Geração Z: entre o desânimo e a esperança do primeiro emprego

  • Goiás
  • 29/07/2025
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O mercado de trabalho e a Geração Z vivem um descompasso. De um lado, perfis de vagas que não despertam o interesse dos jovens de 15 a 29 anos e, por outro, postos que exigem habilidades e competências que eles não têm. 

Cerca de 10,3 milhões desses brasileiros pertencem ao grupo dos “nem-nem” — que não estudam, nem trabalham — e representam cerca de 21% da juventude, segundo dados mais recentes do IBGE. Em muitos casos, até desistiram de procurar emprego e compõem a massa das pessoas nominadas de desalentadas. 

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Esse contingente expressivo é formado por aqueles que nasceram e cresceram em um mundo digitalizado, em constante e acelerada transformação, e que agora chegam à vida adulta com perspectivas diferentes sobre o que é trabalho, sucesso e pertencimento. Eles não querem apenas um emprego: querem propósito, flexibilidade e reconhecimento. Ao mesmo tempo, enfrentam filtros rigorosos, falta de acolhimento e barreiras invisíveis nos processos seletivos desde a primeira tentativa de inserção no mercado de trabalho. 

Nova visão de trabalho

Para os integrantes da Geração Z (GenZ), o trabalho não é apenas um meio de sobrevivência, como explica Dado Schneider, pesquisador do comportamento das novas gerações. Eles querem experiências significativas, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e valorizam empresas com valores claros. “Os GenZ já sabem que viverão mais tempo do que seus pais e avós, e não enxergam sentido em dedicar 30 anos à mesma organização esperando uma promoção”, detalha.

“Muitos gestores ainda não entenderam como se comunicar com essa juventude. A linguagem é formal, distante e desmotivadora. E a gente vive uma crise de atenção, então se você não souber falar a língua deles, vai perdê-los logo nos primeiros minutos”, alerta o doutor em comunicação da PUCRS.

Além disso, Dado aponta para o que chama de “vazio de convivência”. “Muitos jovens não tiveram uma formação básica em casa: chegar no horário, cumprimentar, prestar atenção. Parece pouco, mas isso compromete a imagem deles logo no início. Não é culpa deles. É falta de orientação”, explica. 

Acolhimento e orientação fizeram muita diferença nos primeiros passos da Paula de Fátima, 22 anos. O estágio de dois anos em uma indústria de alimentos em Goiânia está chegando ao fim, mas ela avalia a experiência como muito positiva. “No começo, lá na entrevista, estava muito apreensiva porque não tinha experiência nenhuma, mas era a chance de trabalhar na minha área de formação”, conta. Ela pensou em desistir porque o local de trabalho exigia dela um deslocamento de quase duas horas de ônibus, além da rotina intensa de estudos da faculdade de engenharia de alimentos. 

A participação ativa dos gestores foi determinante para que ela se sentisse “incluída e se encontrasse” naquele ambiente novo. Os aprendizados das aulas teóricas foram se juntando com a prática com planilhas, auditorias, softwares e outras competências que deixaram Paula animada. Até que o seu gestor direto saiu da empresa. “Fiquei me sentindo super deslocada porque a pessoa que eu me aproximei saiu”, lembra. A solução encontrada pela área de recursos humanos foi realocá-la para novas funções (e novas oportunidades). “Agora estou aprendendo por Business Intelligence (BI), aprofundando nas análises e relatórios e sei que será uma das minhas áreas de interesse quando me formar”, anuncia. 

Para Thaynara Mercúrio, as dificuldades começaram cedo, aos 12 anos, quando ela precisou trabalhar para ajudar a pagar as contas de casa. “Foi um desafio muito grande, porque o mundo do trabalho é difícil todo dia. Mas, como jovem aprendiz, recebi muito apoio, tanto na prática quanto na teoria, com dicas e oportunidades de mostrar que posso ser protagonista”, conta.

Hoje, aos 19 anos e estudando administração, ela acredita que o mercado de trabalho ainda está se ajustando ao desafio de lidar com a nova geração. “Queremos aprender na prática, errar e crescer com isso. Nas entrevistas, as empresas ainda não costumam ser muito abertas aos jovens, especialmente os que não têm experiência. Elas preferem pessoas mais experientes, que não cometem erros”, explica. Nesses momentos, Thaynara tenta mostrar que está disposta a encarar desafios e que errar faz parte do processo de aprendizado, sem diminuir seu valor.

Primeiros passos

Orientando jovens para suas primeiras colocações no mercado de trabalho há mais de uma década, Luciete Araújo Ferreira, acredita que é possível que o jovem se prepare, mesmo sem experiência formal. Ela defende que os candidatos da Geração Z possuem grande potencial, mas precisam saber se apresentar às organizações — e isso envolve tanto conteúdo quanto comportamento.

A pedido da coluna Descomplicando, Luciete preparou alguns direcionamentos para ajudar quem deseja conquistar uma vaga no campo profissional: 

  • Valorize suas habilidades comportamentais: Seja proativo, pontual, comunicativo, organizado e disposto a trabalhar em equipe. São qualidades valorizadas em qualquer área.
  • Busque formação gratuita: Cursos online estão disponíveis em plataformas como Fundação Bradesco, Senai, Sebrae, entre outras. Isso mostra interesse e dedicação.
  • Participe de projetos escolares, olimpíadas, feiras e ações voluntárias: Essas vivências enriquecem o currículo e demonstram iniciativa.
  • Monte um currículo claro e honesto: Mesmo sem experiência, inclua informações completas, cursos, projetos e atividades que mostrem seu perfil.
  • Prepare-se para entrevistas: Treine a fala, pesquise sobre a empresa, seja pontual, educado e esteja aberto ao aprendizado.
  • Desconecte-se no momento certo: Em entrevistas ou treinamentos, evite o celular. Contato visual e atenção contam muito.

Ela informa que programas como o de Jovem Aprendiz (para quem tem entre 14 e menos de 24 anos), estágios (desde o ensino médio), trainee e programas de talentos são oportunidade para o primeiro emprego. Algumas áreas merecem destaque: atendimento ao cliente, varejo, logística, estoque e call center. “As vagas no marketing digital e nas áreas relacionadas à tecnologia estão em alta, mas algumas já começam a exigir comprovação de alguma experiência ou conhecimentos técnicos mais aprofundados”, conta a especialista em desenvolvimento pessoal. 

Portas de entrada

Duas entidades podem ser consideradas porta de entrada ao mundo do trabalho para os jovens GenZ: o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL)

A primeira é uma entidade filantrópica que está há mais de 60 anos criando uma ponte entre os candidatos, as instituições de ensino e as empresas em programas de Jovem Aprendiz e Estágio (ensinos médio, técnico e superior). Com presença nacional, o CIEE oferece capacitação, orientação e oportunidades reais de primeiro emprego. Atualmente, gerencia mais de 200 mil contratos de estágio por ano, além de 100 mil jovens aprendizes. Apenas nos meses de junho e julho, divulgou a abertura de 17,5 mil vagas para todo o país, cerca de 82 delas ainda estão disponíveis no site do CIEE apenas para Goiânia. 

Já o IEL, ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), tem foco na formação de talentos para o setor produtivo. Presente em diversos estados, o IEL promove a capacitação de estudantes e sua integração a empresas por meio de estágios supervisionados, com ênfase em inovação, indústria e empreendedorismo. Em 2025, estima gerenciar 88 mil contratos, um crescimento de 88% em comparação com o ano passado. Em Goiás, são 502 vagas aguardando candidaturas no momento, em diversas áreas: comunicação, administração, tecnologia, engenharia e saúde, com bolsas de R$ 400 a R$ 2 mil. 

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Fonte Original do Artigo: www.maisgoias.com.br

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