
Bolsonaro desabafou sobre eleição, diz no STF general réu – 28/07/2025 – Poder
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- 28/07/2025
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O general Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, afirmou nesta segunda-feira (28) ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desabafou com ele sobre a insatisfação com o processo eleitoral.
Ele nega, porém, que Bolsonaro tenha sugerido medidas para acionar as Forças Armadas em um golpe de Estado para impedir a posse de Lula (PT) na Presidência da República.
“Eles dizem que eu anui ao golpe numa reunião com o presidente. Eu já disse que não foi esse assunto, eram queixas sobre o processo eleitoral et cetera. Foi praticamente um monólogo: ele desabafando e eu, ouvindo”, disse Theophilo.
Segundo o general, Bolsonaro reclamou de restrições impostas pela Justiça Eleitoral à realização de lives durante a campanha. “Ele reclamou também dele próprio, que poderia ter agido diferente, minorado sua veemência em algumas coisas”, acrescentou.
Theophilo afirmou que, seguindo a orientação do então chefe do Exército, tentou acalmar Bolsonaro: “Presidente, tudo isso já passou e agora é tocar para frente o barco e seguir o rumo normal das coisas”.
Estevam Theophilo é réu no STF por supostamente ter apoiado os planos golpistas sugeridos por Bolsonaro no fim de 2022. Ele prestou depoimento nesta segunda e negou incentivo à ruptura democrática.
O general se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada em 9 de dezembro de 2022. Eles ficaram a sós por cerca de 30 minutos.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) diz que Theophilo integrou a organização criminosa após aceitar “coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo”.
São duas as principais evidências levantadas pelo procurador Paulo Gonet. A primeira é o relato do tenente-coronel Mauro Cid —delator no processo— que diz ter conversado com Theophilo na saída do Alvorada.
“[Ele disse]: ‘Se o presidente assinar, o Exército vai cumprir’. Não que fosse ele quem ia cumprir, mas o Exército”, disse Mauro Cid em depoimento ao Supremo.
A outra evidência seriam mensagens trocadas por Cid com interlocutores no Exército. Em uma das mensagens, o tenente-coronel escreveu que “ele quer fazer… Desde que o Pr assine”.
A Polícia Federal apreendeu o celular de Theophilo, mas não encontrou mensagem que o comprometesse. O material encontrado em sua casa, em Fortaleza, também não tinha relação com os fatos investigados.
Em seu depoimento do Supremo, o general Theophilo diz que só participou do encontro porque o comandante do Exército, general Freire Gomes, estava fora de Brasília e o convocou à reunião com o ex-presidente.
“Não me foi apresentado nenhum documento nem proposta alguma de qualquer coisa ilegal e inconstitucional. Jamais o general Freire Gomes enviaria alguém [a Bolsonaro] que quisesse acirrar os ânimos”, disse Theophilo.
Ele disse ainda ter se encontrado com Freire Gomes dias depois e relatou com detalhes a conversa que teve com Bolsonaro.
“Eu sou acusado de algo que é inexequível. Não tinha tropa, não tinha ascendência sobre nenhuma topa […]. [A denúncia me impõe] um ato muito vil, covarde e desonroso que seria a traição ao comandante do Exército. Como poderia imaginar que alguém pudesse supor tal aberração para um general que galgou todos os postos da hierarquia militar, com 45 anos de serviço totalmente dedicados à pátria e ao Exército?”, concluiu.
Além de Theophilo, outros nove réus são ouvidos nesta segunda-feira em uma das fases finais dos processos sobre a trama golpista de 2022. São interrogados Bernardo Romão Correa Neto (coronel), Fabrício Moreira de Bastos (coronel), Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel), Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel), Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel), Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel), Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel), Sérgio Ricardo Cavaliere (tenente-coronel) e Wladimir Matos Soares (policial federal).