
San Rafael, na Argentina, é meca do turismo de aventura – 28/07/2025 – Turismo
- Turismo e Viagens
- 28/07/2025
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Pouco visitada por brasileiros, a região de San Rafael, na província argentina de Mendoza, impressiona pelas paisagens que contrastam a aridez do terreno rochoso com um exuberante lago de represa que acumula água da cordilheira dos Andes. Esse é o pano de fundo para esportes de aventura de diferentes níveis, que o visitante pode alternar com visitas a vinícolas e restaurantes.
Para quem está na cidade de Mendoza, a capital da província de mesmo nome, são cerca de três horas percorrendo planícies de carro até a cidade de San Rafael. Há também voos partindo de Buenos Aires para o aeroporto local.
San Rafael é o segundo maior centro urbano da província de Mendoza, com 167 mil habitantes. Apesar dos ares de cidade do interior, os bares e restaurantes da avenida Hipólito Yrigoyen fervem até a madrugada aos fins de semana. Na mesma avenida há um cassino –eles são permitidos em Mendoza, embora proibidos em outras províncias. Nas noites quentes, famílias e grupos de amigos são vistos nas praças fazendo piquenique e tomando mate até por volta da meia-noite.
Lojas de artigos esportivos chamam a atenção com placas que oferecem aluguel de esqui. Não deixa de ser estranho observar essas ofertas em um dia em que a máxima chegou aos 47º.
Da janela do hotel, uma das poucas edificações altas da cidade, é possível observar uma formação montanhosa que, a princípio, se confunde com a cordilheira dos Andes, apesar de ser mais próxima e ter um formato mais achatado.
Na verdade, essa elevação não faz parte da famosa cordilheira, que começa a oeste de San Rafael, a mais de 100 km da cidade. Trata-se da formação conhecida como bloco San Rafael, 20 km ao sul da cidade. É uma espécie de planalto cortado pelo rio Atuel, um dos principais da província de Mendoza. É através desse bloco rochoso que se chega aos locais que oferecem turismo de aventura.
Esse trajeto é feito pela rodovia provincial 173, asfaltada nos trechos percorridos pela reportagem. A rodovia vai serpenteando paralelamente às águas azuis do rio Atuel. À medida que a arborizada área urbana e os vinhedos irrigados vão ficando para trás, a paisagem vai ficando mais árida, praticamente desértica. Aos poucos o viajante se vê cercado de paredões rochosos.
A paisagem seca só é interrompida por um cinturão verde de alguns metros de largura, composto por vegetação e árvores, que acompanha o traçado do rio, formando uma espécie de oásis linear nas duas margens.
É nesse oásis que se distribuem diversos campings e pequenos estabelecimentos chamados proveedurías, que vendem alimentos e artigos de primeira necessidade. Nesse trecho da rodovia também começam a surgir as agências que oferecem turismo de aventura.
O rafting é praticado nas corredeiras do rio Atuel, com instrutores dentro de cada bote. Não há necessidade de treinamento ou experiência anterior. Ocorre o mesmo com a tirolesa, que consiste em um trajeto de várias etapas que faz um zigue-zague sobre o rio.
Os túneis que se seguem no trajeto da rodovia funcionam como um portal para a paisagem arrebatadora da represa Valle Grande. O reservatório possui aproximadamente 3,5 km de largura e 260 metros de profundidade, em média. Parece ter sido esculpido em baixo-relevo sobre o bloco San Rafael.
A água verde-esmeralda provém do descongelamento da neve dos Andes, através do rio Atuel. Compõem o cenário uma barragem de 115 metros de altura e a usina hidrelétrica de Nihuil 4.
Valle Grande é a última represa de um conjunto de outras 3 barragens no monumental corredor rochoso de 56 km conhecido como cânion do Atuel. Chega-se aos mirantes do cânion através de passeios nos chamados veículos 4×4 que, na verdade, são caminhões adaptados.
Ao centro do reservatório, onipresente sob diversos ângulos, fica a formação rochosa mais famosa do lugar. Conhecida como submarino, não apenas tem semelhança na forma como também fica parcialmente submersa quando o nível de água da represa está elevado.
É possível também navegar pelas águas da represa em catamarãs, que fazem paradas para mergulhos. Por ser proveniente do degelo na cordilheira, a ideia é de que a água seja muito fria. Mas o maior desafio para o mergulho não é a temperatura da água, é encarar descalço o terreno pedregoso até chegar nela. Pelo menos em fevereiro e sob um sol de 35º o mergulho é um alívio.
Além desses passeios, as empresas de turismo de aventura oferecem também trilhas, rapel, aluguel de caiaque, cavalgadas e cool river (descer a correnteza do rio em uma espécie de bóia individual). As atividades podem ser adquiridas individualmente ou em combos, que podem incluir almoço.
Atividades individuais para adultos custam a partir de 20 mil pesos argentinos (cerca de R$ 110). Os valores vão aumentando de acordo com a complexidade da prática e com os horários –algumas podem ser feitas à noite.
Uma experiência completa sai por algo em torno de 100 mil pesos argentinos por adulto (cerca de R$ 550). Por esse valor é possível passar um dia inteiro se revezando entre diversas atividades, com direito a almoço, e ainda escolher uma prática noturna: trilha, rafting ou “4×4 sunset”. Para quem quiser esticar ainda mais, há pacotes de dois dias.
Quem visitar a vinícola Finca Los Alamos, além de degustar os vinhos, provar um típico churrasco argentino e aproveitar as apresentações de música regional, também pode viver a experiência de se perder em um labirinto real.
A estrutura foi construída entre vinhedos e bosques em homenagem a Jorge Luis Borges. A figura do labirinto –físico ou metafórico– é uma presença constante na obra do escritor argentino. Há no local uma torre de observação com 22 metros de altura e iluminação que permite se perder inclusive à noite.