
Esquerda do Chile aposta em comunista para liderar o país
- Internacional
- 27/07/2025
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Com décadas de envolvimento político no currículo, uma ex-ministra do governo de Gabriel Boric desponta como a principal aposta da esquerda para se manter no poder do Chile nas próximas eleições presidenciais, marcadas para novembro.
Jeannette Jara, uma advogada de 50 anos e ex-ministra do Trabalho e Previdência Social, superou os adversários internos ao vencer primárias unificadas das legendas esquerdistas no dia 29 de junho, derrotando com folga figuras mais moderadas do espectro político como a ex-ministra do Interior do Chile Carolina Tohá e o deputado Gonzalo Winter.
Jara ingressou na vida política cedo, acumulando três décadas de carreira até agora que foram iniciadas ainda durante os anos de estudos em Direito na Universidade de Santiago com a Juventudes Comunistas, a ala do Partido Comunista do Chile ligada ao público jovem.
Foi nesse período que a ex-ministra de Boric se afeiçoou pela ideologia comunista e assumiu seu primeiro papel de liderança como presidente da Federação de Estudantes (Feusach). Paralelamente ao ativismo, assumiu um cargo na Receita Federal (SII) e atuou como líder sindical ainda na década de 1990.
Mas foi somente em 1999 que formalizou seu ingresso no Partido Comunista do Chile (PCCh), onde rapidamente subiu para o alto escalão no Comitê Central.
A oportunidade de iniciar a carreira pública veio mais de uma década depois, entre 2016 e 2018, quando foi nomeada subsecretária de Previdência Social durante o segundo mandato da esquerdista Michelle Bachelet, do Partido Socialista do Chile.
Em 2021, ela tentou, sem sucesso, se tornar prefeita de Conchalí. No entanto, após a eleição presidencial de Gabriel Boric, foi nomeada para o gabinete dele como Ministra do Trabalho. Jara permaneceu no cargo até abril, quando renunciou para concorrer à presidência do país no fim deste ano.
Embora sua carreira seja inseparável do Partido Comunista e sua ideologia, Jara se distanciou de alguma posições mais tradicionais da legenda, principalmente na agenda internacional. A advogada é vista como uma figura menos radical, por exemplo, por não defender os regimes de Cuba e Venezuela.
A missão de Jeannette Jara: “deter a extrema-direita”
Em seu primeiro pronunciamento após a vitória nas primárias, a ex-ministra Jeannette Jara pediu “unidade” da esquerda para “deter a extrema-direita” nas eleições presidenciais que acontecem em novembro deste ano.
“Não nos enganemos: estamos diante de um cenário de crescimento do populismo de extrema-direita. Eles acreditam que falar mais alto resolverá os problemas que criaram e, ao abordar os problemas reais da população, querem reverter o progresso real”, afirmou.
“Peço que não soltemos as mãos para enfrentar a extrema-direita chilena com a mais ampla unidade política e social possível e detê-la. Essa é a nossa tarefa”, acrescentou a política esquerdista.
Até o momento, a direita aparece como favorita nas principais pesquisas eleitorais no Chile, quatro meses antes do primeiro turno. A esquerdista enfrentará três candidatos diretamente: a ex-ministra do Trabalho e Previdência Social Evelyn Matthei, da direita tradicional agrupada na coalizão Chile Vamos; o ex-deputado católico José Antonio Kast, do Partido Republicano; e o deputado Johannes Kaiser, fundador do Partido Libertário Nacional, que ganhou destaque nos últimos meses chegando a ser apelidado de “Milei do Chile”.