Antes de impeachment, Corinthians vive clima pré-eleitoral – 25/07/2025 – Esporte

Antes de impeachment, Corinthians vive clima pré-eleitoral – 25/07/2025 – Esporte

“Eu entendi tudo o que aconteceu com o clube”, afirmou o técnico Dorival Júnior, após o empate por 0 a 0 do Corinthians com o Cruzeiro, na última quarta-feira (23), no estádio de Itaquera. “Teve a saída de um presidente, a chegada de outro presidente, que não havia ainda conversado comigo…”

Logo, ao que tudo indica, haverá outro.

Os sócios do clube votarão no próximo dia 9 o impedimento de Augusto Melo. Ele foi retirado da presidência em votação do Conselho Deliberativo, em 26 de maio, por 176 votos a 57, decisão que precisa ser referendada pelos associados, em assembleia geral.

Augusto nega as irregularidades apontadas para justificar seu afastamento –e fizeram dele réu, denunciado sob suspeita de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto no contrato de patrocínio com a empresa de apostas VaideBet. Ele promete “lutar até o fim” para recuperar sua cadeira –chegou a tentar, literalmente, sentar-se nela, dias depois da votação do Conselho–, mas o impeachment é dado como certo nas alamedas do Parque São Jorge.

O Corinthians, por isso, vive um ambiente de ebulição pré-eleitoral. O estatuto da agremiação prevê que, havendo vacância dos cargos de presidente e vice-presidente, o Conselho Deliberativo tem cinco dias úteis para eleger uma nova diretoria para um mandato tampão –no caso, até o fim de 2026, quando terminaria o mandato de Augusto.

A votação, confirmado o impeachment, será feita de maneira indireta, pelos 299 membros do Conselho (200 trienais, 99 vitalícios). Isso torna o período de campanha diferente do que é habitualmente visto no clube às vésperas de eleições presidenciais ordinárias, que têm votação dos sócios. Em um grupo tão restrito de eleitores, “é tudo no corpo a corpo”, como observou um dos 299 conselheiros.

O cenário é volátil. Em uma entidade na qual os conceitos de situação e oposição são bastante flexíveis, não está claro o desenho de quais serão os candidatos no caso de o impedimento de Augusto ser confirmado no mês que vem.

Ainda é grande a influência de Andrés Sanchez, presidente de 2007 a 2011 e de 2018 a 2020, líder do grupo que comandou o Corinthians por 16 anos. Mas esse grupo é hoje altamente impopular. Ligar-se a ele pode render capital político e problemas.

Ilustra bem a questão o protesto realizado por torcidas organizadas na última quinta (24), no portão do Parque São Jorge. Havia um caixão alegórico para Augusto Melo e outros quatro para os presidentes do grupo de Andrés, intitulado Renovação e Transparência: o próprio Andrés, Mario Gobbi, Roberto de Andrade e Duilio Monteiro Alves.

Não surpreende, portanto, que a corrida eleitoral tenha como centro o Renovação e Transparência. De um jeito ou de outro, os caminhos do Parque passam por Andrés.

Por isso, enquanto andava na Justiça o caso VaideBet, brotavam notícias sobre o período anterior a Augusto Melo –que, na virada de 2023 para 2024, derrubou o Renovação e Transparência, em fácil triunfo sobre o candidato André Luiz de Oliveira, o André Negão. Vieram à tona gastos de Andrés e Duilio no cartão corporativo do clube, levados ao Conselho de Ética.

Andrés disse ter se confundido ao usar o cartão com gastos pessoais. “Assumo meus compromissos, resolvo os meus problemas e não terceirizo responsabilidades”, publicou, antes de devolver R$ 15 mil, referentes a hospedagem, refeições e passeio de barco, em um período no qual estava licenciado da presidência, em 2020.

Surgiram também notas fiscais do período em que Duilio era o presidente, de 2021 a 2023. Reportagem do GE exibiu uma lista de gastos no cartão do clube que incluíam a compra de remédios para disfunção erétil.

Duilio negou gastos indevidos, disse que as notas são falsas e apresentou uma notícia-crime. De qualquer maneira, é ilustrativo o fato de a corrida eleitoral alvinegra ter tadalafila entre seus ingredientes.

Enquanto o clube luta para erguer-se, o time sofre. O atual presidente, o interino Osmar Stabile, era até o afastamento de Augusto uma figura decorativa, um vice-presidente que cumpriu seu papel eleitoral antes de ser escanteado.

“Nós, os vice-presidentes estávamos afastados da gestão. Não fomos chamados para nada. Não tivemos a oportunidade de conhecer a situação do Corinthians”, disse Stabile, em maio, já como presidente, percebendo que não havia nada no caixa. “Terra arrasada. Temos que pagar, e não tem dinheiro.”

Os salários deste mês, de jogadores e funcionários, foram pagos com atraso. Dono do maior contracheque do elenco, o atacante holandês Memphis Depay chegou a faltar a um treinamento, dizendo aos dirigentes e ao técnico Dorival Júnior o óbvio: que não recebeu.

Houve, então, uma encenação de punição. O clube publicou que Memphis se desculpou e foi multado. Em campo, como os seus companheiros, o holandês tem jogado mal. E Dorival reclama que não tem os reforços prometidos na ocasião de sua contratação, em abril.

A dívida atual está na casa dos R$ 2,5 bilhões, e os problemas de fluxo de caixa são evidentes. Nesse cenário, o diretor executivo de futebol, Fabinho Soldado, faz malabarismo para administrar atletas que não recebem em dia e explicar a Dorival que os reforços não vão chegar.

A equipe vai se arrastando, na inércia, na 11ª colocação do Campeonato Brasileiro. Enquanto isso, os pré-candidatos à presidência se movimentam, ainda que ninguém se declare candidato.

“Entendo a relevância do tema, mas acredito que antecipar discussões pode gerar ruído desnecessário antes da definição dos fatos. O momento é apenas de todos preservarem a instituição, sem vaidades e egocentrismos”, afirmou Herói Vicente, um dos prováveis postulantes.

Antônio Roque Citadini, que foi dirigente do futebol preto e branco de 2001 a 2004, é outro. “Sei que falam de meu nome por duas razões: nunca fui da RT [Renovação e Transparência] e não apoiei a eleição do Augusto”, disse.

Há outros nomes. Um deles é Armando Mendonça, que era o segundo vice-presidente e se tornou o primeiro após o afastamento de Melo. Existe também uma corrente que defende a manutenção de Stabile; sob a lógica: “Já estamos no caos, melhor deixar o segundo presidente, não empossar um terceiro”.

O terceiro, no que depender de Andrés, será Sérgio Alvarenga, que foi diretor jurídico em sua gestão. Mas muita coisa vai acontecer até a votação.

Fonte Original do Artigo: redir.folha.com.br

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