
UE e China selam compromisso de liderança climática – 25/07/2025 – Ambiente
- Ciência e Tecnologia
- 25/07/2025
- No Comment
- 17
China e União Europeia emitiram uma declaração conjunta concordando em “demonstrar liderança” antes da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será realizada no Brasil, em um esforço para impulsionar a ação climática em meio a tensões geopolíticas.
O acordo na cúpula de Pequim comprometeu-se a apresentar planos climáticos atualizados para 2035 e afirmou apoio ao Acordo de Paris, enfatizando que “o verde é a cor definidora da cooperação China-UE”.
“Na situação internacional fluida e turbulenta de hoje, é crucial que todos os países, principalmente as grandes economias, mantenham a continuidade e estabilidade das políticas e intensifiquem os esforços para enfrentar as mudanças climáticas”, disseram os dois lados, acrescentando que concordaram em “demonstrar liderança juntos para impulsionar uma transição global justa no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”.
Isso incluiu cooperação para acelerar a implantação global de energia renovável, mercados de carbono e tecnologias verdes e de baixo carbono, bem como um controle mais rigoroso das emissões de metano que agravam o aquecimento global no curto prazo.
A cúpula UE-China para marcar 50 anos de relações diplomáticas foi prejudicada por tensões em várias frentes. A União Europeia criticou o excesso de capacidade de produção chinesa que inunda os mercados do bloco e enfraquece sua indústria, além de preocupações sobre o apoio da China à invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia.
A ação climática é vista como uma área rara de cooperação entre as duas economias, dado o vácuo deixado pelos EUA após a decisão de Donald Trump de se retirar do Acordo de Paris pela segunda vez.
O comissário de clima da UE, Wopke Hoekstra, disse ao Financial Times no início deste mês que a UE só deveria concordar com uma declaração conjunta sobre o clima se ela demonstrasse “ambição”.
Mas, com poucas outras áreas de acordo mútuo, os dois lados estavam sob pressão para demonstrar alguma área de cooperação, disseram funcionários da UE envolvidos. Um alto funcionário do bloco europeu disse que permaneciam preocupações de que a China “ficaria aquém” de seus compromissos climáticos internacionais.
As novas metas de redução de emissões, conhecidas como NDCs (contribuições nacionalmente determinadas), deveriam ser submetidas ao secretariado de mudanças climáticas da ONU até fevereiro, mas poucos países cumpriram o prazo. Apenas cerca de 25 países dos quase 200 signatários do Acordo de Paris apresentaram planos climáticos para 2035.
O chefe do braço de mudanças climáticas da ONU, Simon Stiell, alertou em junho que todos os novos planos deveriam ser apresentados até o final de setembro para serem incluídos em um relatório que analisará o quanto o mundo está fora do caminho em termos de cumprimento das metas de temperatura de Paris.
Com China e UE entre os maiores emissores do mundo, observadores argumentaram que incluí-los no relatório que será publicado em outubro é crucial.
A UE também assinou uma declaração conjunta sobre clima e energia com o Japão nesta quarta-feira (23), dando compromissos mais detalhados para a ação climática, mas também apoio à infraestrutura de gás, apesar das implicações para as emissões de metano. O acordo citou a necessidade de garantir “segurança energética e acessibilidade” para a inclusão do gás.
Esta semana, António Guterres, secretário-geral da ONU, convidou líderes mundiais para Nova York para anunciarem seus planos climáticos em setembro, como parte de um esforço conjunto para garantir que os países apresentaem suas NDCs a tempo do relatório.
Guterres disse que as novas NDCs, que estabelecem uma meta para reduções de emissões até 2035, precisavam cobrir toda a economia e acelerar a transição para longe dos combustíveis fósseis.
Funcionários da ONU, o presidente do Brasil, Lula (PT), e organizadores da COP30 visitaram China, Índia, Indonésia, Bruxelas e outros grandes poluidores nos últimos meses para pressionar por planos climáticos ambiciosos.
A UE, tipicamente uma das partes mais ambiciosas nas negociações da COP, enfrenta uma reação dos Estados-membros sobre os esforços para se comprometer com um alto nível de cortes. Governos europeus, incluindo França e Polônia, disseram que o bloco não deveria concordar com metas mais rigorosas a menos que o apoio à sua indústria em dificuldades e às famílias fosse maior.
Partidos de direita, que dominam o Parlamento Europeu, também estão resistindo à necessidade de a UE se comprometer com mais ações climáticas.