
Mundial, Supermundial, Copa, Intercontinental: como fica? – 24/07/2025 – O Mundo É uma Bola
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- 24/07/2025
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Passou a ser, neste século, de grande complexidade compreender a galeria de campeões mundiais de clubes.
Nascido em 1973, cresci com a certeza, porque assim se divulgava, que o melhor time do planeta, coroado campeão do mundo, vinha do duelo entre o campeão europeu (procedente da Copa Europeia, antigo nome da Champions League) e o sul-americano (procedente da Libertadores).
De 1960 a 1979, esse confronto era decidido em melhor de duas ou três partidas, com ao menos uma delas na Europa e outra na América do Sul. O Santos de Pelé ganhou em 1962 e em 1963. De 1980 em diante (até 2004), com patrocínio de uma montadora (Toyota), aconteceu no Japão.
A Copa Intercontinental era chamada de Mundial interclubes, ao qual assistíamos na madrugada brasileira. Teve triunfos do Flamengo de Zico (1981), do Grêmio de Renato Gaúcho (1981), do São Paulo de Telê Santana (1992 e 1993).
Só que, na realidade, de mundial não tinha nada, pois sem a presença de África, Ásia, das Américas do Norte e Central, Oceania.
Em 2000, a Fifa entrou no circuito. Realizou no Brasil (São Paulo e Rio) seu primeiro Mundial de Clubes, com oito equipes de seis confederações.
Manchester United e Real Madrid participaram, e o campeão, nos pênaltis contra o Vasco após um 0 a 0 no Maracanã, foi o Corinthians.
A maior polêmica dessa competição deveu-se à não inclusão do Palmeiras, campeão da Libertadores de 1999. Jogaram o Vasco, campeão da Libertadores de 1998, e o Corinthians, bicampeão brasileiro (1998/1999).
A Fifa falhou feio ao não estabelecer critérios técnicos claros na escolha dos participantes, o que torna esse Mundial alvo constante de críticas.
No Brasil, não corintianos e não vascaínos o qualificam como “Torneio de Verão da Band”, em referência à emissora que o exibiu –quem mostrava o Mundial interclubes era a principal TV do país, a Globo.
Houve um hiato de alguns anos, e a partir de 2005 a Fifa passou a promover anualmente, na Ásia ou na África, o Mundial de Clubes, com os campeões continentais (seis) mais um representante do país-sede. Dos brasileiros, ganharam São Paulo (2005), Internacional (2006) e Corinthians (2012).
A Copa Intercontinental (aquela que começou em 1960) extinguiu-se em 2004. Desde então, ficou a pergunta: quem ganhou o chamado Mundial interclubes podia ou não ser considerado, oficialmente, campeão do mundo? Em 2017, a Fifa disse que sim.
E a Copa Rio, realizada no Brasil em 1951 (Palmeiras campeão) e em 1952 (Fluminense campeão), com clubes europeus e sul-americanos, tem status de Mundial, oficialmente? Não atualmente, de acordo com a Fifa, que fomentou discussões e contendas em relação a isso.
E tudo caminhou inteligível e crível até a criação do Mundial de 2025, esse que acabou neste mês nos Estados Unidos –o primeiro inchado, com 32 times, incluindo Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras– com o Chelsea campeão.
A Fifa o chamou de Mundial de Clubes. Setores da mídia decidiram por Copa do Mundo ou Supermundial. O Mundial que existia até então (todo fim de ano, com sete equipes) passou a ser, para a Fifa, Copa do Mundo de Clubes. Isso até 2023. A partir de 2024, tornou-se Copa Intercontinental, igual à Copa Intercontinental de 1960 a 2024.
Tá fácil entender? Não, né? Pois é. E só piora.
O Mundial de Clubes (com 32 times) acontecerá de quatro em quatro anos. Sempre que ele ocorrer, como a Copa Intercontinental continuará a ser jogada anualmente (a de 2025, com seis times, terá dois jogos em setembro e três em dezembro), o ano terminará com dois campeões mundiais, o do meio do ano e o do final do ano.
Não será novidade, já ocorreu em 2000, com Corinthians (Mundial da Fifa) e Boca Juniors (Copa Intercontinental).
A maior questão é a importância de cada conquista. Indaguei três vezes por escrito, pelo canal que a Fifa oferece aos jornalistas, a respeito. Não houve resposta.
Pelo que se sabe até agora, ela considerará campeão mundial, com o mesmo peso, tanto o Chelsea como o ganhador da Intercontinental –que terá o francês Paris Saint-Germain, atual campeão da Champions League.
Desse modo, se o PSG, já garantido na decisão, vencer, mesmo tendo sido vice do Chelsea no Mundial nos EUA, será, jogando uma única vez, tão campeão do mundo quanto o clube inglês, que atuou sete vezes.
Pode? Pode. Mas é estranhíssimo. Complicado de entender e de aceitar.
Se houver na Fifa um mínimo de sensatez, é imprescindível que o Mundial quadrienal seja rebatizado para Supermundial. O campeão será chamado de supercampeão, um status merecido e adequado.
Dará assim ao campeonato o devido valor (pois é muito superior a tudo que existiu até hoje) e resolverá, ou ao menos amenizará, o imbróglio.